O primeiro-ministro da França, Gabriel Attal, disse que vai apresentar seu pedido de renúncia na manhã desta segunda-feira, 08, após a coalização que o apoia, a centrista Juntos, a mesma do presidente Emmanuel Macron, ficar em segundo lugar nas eleições legislativas francesas, de acordo com pesquisas de boca de urna. O segundo turno do pleito ocorreu neste domingo, 08.
"Essa dissolução do Parlamento, chamada por Macron, que convocou as eleições, eu não a escolhi e me recusei a passar por ela", disse Attal, segundo o jornal francês <i>Le Monde</i>. "Esta noite, nenhuma maioria absoluta será liderada pelos extremos", acrescentou, referindo-se à esquerda e à direita. Segundo as pesquisas, nenhuma coalização partidária terá maioria absoluta no Parlamento.
No entanto, ele comemorou que a aliança que apoia o atual governo ficou em segundo lugar, com "três vezes mais deputados do que previam certas estimativas no início das eleições". De acordo com as pesquisas, a Nova Frente Popular (NFP) conquistou o maior número de assentos, e a Reunião Nacional (RN), de extrema direita, tida como favorita, terminou em terceiro lugar.
Ele destacou que segue no cargo até um novo primeiro-ministro ser indicado. "Sei que, à luz dos resultados desta noite, muitos franceses sentem uma certa incerteza quanto ao futuro, uma vez que não houve nenhuma maioria absoluta. Nosso país vive uma situação política sem precedentes e se prepara para receber o mundo dentro de algumas semanas nas Olimpíadas de Paris. Além disso, obviamente continuarei em minhas funções enquanto o dever exigir", afirmou, segundo o <i>Le Monde</i>.
De acordo com a <i>Associated Press</i>, em comunicado de seu gabinete, Macron indicou que não se apressará a convidar um potencial primeiro-ministro para formar o governo. Ele disse que acompanha a contagem de votos e que vai esperar que a nova Assembleia Nacional tome forma antes de tomar "as decisões necessárias", respeitando ao mesmo tempo "a escolha soberana dos franceses". Os resultados finais só devem sair no final deste domingo ou no início da segunda-feira.
<b>Espera</b>
A nova formação da Assembleia Nacional se desenha como um Parlamento dividido, sem nenhum bloco próximo aos 289 assentos necessários para a maioria absoluta, algo desconhecido na França moderna, segundo a <i>AP</i>. Ao contrário de outros países da Europa, a França não tem tradição de parlamentares de campos políticos rivais se unirem para formar uma maioria.
Jordan Bardella, da RN, protegido de Marine Le Pen, lamentou que o resultado da votação "jogue a França nos braços da extrema esquerda", de acordo com a <i>AP</i>.
O principal líder da coligação de esquerda, Jean-Luc Mélenchon, segundo a <i>AP, instou Macron a convidar a bancada NFP para formar um governo. A aliança, disse ele, "está pronta para governar".