A França suspendeu cinco membros das Forças Armadas do país por atos de violência durante o período em que atuaram na República Centro-Africana contra os cidadãos que deveriam proteger, disse o Ministério da Defesa francês neste sábado. Os cinco correm o risco de ser expulsos do Exército.
A revelação de episódios de violência, cuja natureza não foi esclarecida pela França, ocorre após alegações este ano de abuso sexual de crianças na República Centro-Africana por soldados franceses em uma operação para ajudar a estabilizar o país africano, que foi convulsionado pela violência sectária.
O porta-voz do Exército francês coronel Yann Gravethe disse que a violência contra duas pessoas – que ocorreu no início de 2014, em Bangui, capital da República Centro-Africana – não estava relacionada com as alegações de abuso sexual, que ainda estão sob investigação. No entanto, ele disse que os atos são contrários “aos valores do Exército francês” e as sanções se equiparam à “gravidade dos atos”. Autoridades do Exército também estão convocando um conselho de investigação, um passo que pode levar à expulsão do Exército, segundo o Ministério da Defesa. E autoridades judiciais também estão avaliando o caso.
Entre os suspensos, estavam os superiores daqueles que cometeram a violência e que estavam presentes mas não conseguiram impedir os atos, informou o comunicado do ministério. Também entre os cinco estava o comandante dos soldados. Outras quatro pessoas que estavam cientes dos atos mas não os reportaram receberam sanções disciplinares, de acordo com o Ministério da Defesa. Conforme a nota, o chefe do Exército foi informado da violência pelo menos dois anos após os atos.
Os episódios ocorreram logo após o início da Operação Sangaris, da França, em dezembro de 2013. A França, que há muito tempo tem presença militar em sua antiga colônia, começou a aumentar o número de soldados em 2013 após a explosão da violência sectária. A operação salvou inúmeras vidas, mas foi manchada por alegações de abuso sexual contra crianças. Autoridades judiciais francesas abriram uma investigação no último mês sobre alegações da ONU de abuso sexual entre 2013 e 2015, na cidade da Dekoa, a última de uma série de denúncias envolvendo forças de paz e tropas da missão da França. O presidente da França, François Hollande, anunciou o fim oficial da operação durante uma visita a Bangui no mês passado. Fonte: Associated Press.