Saúde

Fraturas de ossos exigem cuidados especiais

Ortopedista explica formas de tratamento de lesões

Um problema que acomete boa parte da população, nas mais variadas idades exige um tratamento cauteloso. A Fratura é uma lesão à integridade do osso. De acordo com o ortopedista e traumatologista Dr Marcos Ricardo Maiochi, existem duas propriedades do tecido ósseo. A primeira é que se trata de um tecido duro e resistente e a segunda é que o osso é o único tecido do organismo que uma vez lesionado é capaz de curar-se sem cicatriz, ou seja, ao final do processo de consolidação no local da lesão em vez de se encontrar uma cicatriz (como acontece em todos os outros tecidos do corpo) encontra-se osso.

O objetivo do tratamento de uma fratura é obter a consolidação do osso lesionado de maneira a permitir uma função do membro o mais próxima possível do normal. Para isso é necessário que a fratura seja reduzida ,ou seja, que os fragmentos ósseos sejam colocados em uma posição mais próxima possível do normal e que esta redução seja mantida até que a consolidação ocorra.

"Tanto a redução, como a manutenção dela, podem ser obtidas através de métodos cruentos (cirúrgicos) ou incruentos (não cirúrgicos)", explica Dr Maiochi . O tratamento incruento consiste geralmente em reduzir as fraturas através de manipulações e imobilização com aparelhos gessados ou órteses manufaturadas. Já o tratamento cruento consiste em redução através de uma cirurgia e a fixação é dos fragmentos é feita geralmente com a utilização de materiais de osteossíntese como placas, parafusos, hastes entre outros.

O médico salienta que pode-se observar um aumento no número de cirurgias, porém isto pode ser justificado historicamente em basicamente dois aspectos importantes. O primeiro deles é a reabilitação precoce e consequentemente resultados finais melhores. Com a evolução dos materiais de osteossíntese é possível uma fixação das fraturas permitindo uma mobilidade precoce do membro, sem o desconforto da imobilização gessada e dos problemas que a imobilização prolongada acarreta como rigidez articular, hipotrofia muscular e a temível distrofia simpático-reflexa, que é uma disfunção do sistema nervoso autônomo do membro traumatizado e imobilizado por longo período. Além disso, a qualidade da redução obtida por cirurgia é frequentemente melhor que a das reduções obtidas de forma incruenta, principalmente nas fraturas que acometem as articulações.

O outro fator importante é o pequeno risco cirúrgico . Maiochi conta que graças à evolução das técnicas anestésicas e cirúrgicas, hoje os riscos de uma complicação antes, durante ou depois de uma cirurgia são mínimos. A associação de baixo risco, maior conforto durante o tratamento e expectativa de um resultado final melhor acaba estimulando médicos e pacientes a optar pelo tratamento cirúrgico em um número crescente de casos.

O pós operatório demanda cuidados específicos, tais como manter a ferida cirúrgica limpa e seca, isso pode eventualmente requerer várias trocas de curativos; tomar os medicamentos prescritos nos horários corretos; seguir à risca as orientações do cirurgião quanto à reabilitação, que deve ser iniciada o mais precocemente possível e não pisar, deve – se utilizar um par de muletas, pois isto diminui o risco de acidentes.

Todo tratamento cirúrgico ortopédico vai requerer algum tipo de reabilitação pós-operatória. Às vezes a reabilitação pode ser feita orientando-se o próprio paciente em outros momentos é necessário um fisioterapeuta e os recursos de uma clínica de reabilitação.


Fraturas em crianças
No caso de crianças, Dr Marcos Maiochi afirma que há necessidade uma atenção especial. O osso das crianças tem duas particularidades importantes que devem ser levadas em consideração: A presença de uma cartilagem de crescimento, chamada de Fise e a capacidade do osso em crescimento remodelar-se com o crescimento. Fraturas que acometem uma Fise devem ser tratadas com uma redução precisa e na grande maioria das vezes necessitam de algum tipo de fixação, pois uma redução espúria pode resultar em uma deformidade progressiva conforme o membro cresce.

Muitos desvios que não são aceitos em um osso adulto podem ser aceitos num osso de criança em crescimento devido à capacidade de remodelação. Nestas situações utiliza-se mais o tratamento conservador com gesso que o tratamento cirúrgico. "Cada caso deve ser analisado individualmente quanto ao local da fratura, o grau de desvio e o potencial de crescimento (remodelação)do osso da criança. De uma maneira geral tendemos a ser menos intervencionistas no tratamento das fraturas em crianças."

Uma fratura sempre poderá ser tratada por mais de uma maneira e todos os métodos de tratamento tem vantagens e desvantagens com relação aos outros. Por isso é importante conversar com o médico responsável sobre todas as possibilidades de tratamento e seus respectivos riscos e benefícios. Fazer uma boa avaliação do paciente e da fratura, técnica cirúrgica com a menor agressão tecidual possível, escolha correta do material de osteossíntese e reabilitação precoce e eficiente são as chaves para um tratamento cirúrgico bem sucedido e baixos riscos de complicações

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