As autoridades da África do Sul avaliavam, nesta terça-feira, 19, os danos causados pelas inundações que deixaram pelo menos 448 mortos no país e declararam estado de catástrofe nacional uma semana após o início das tempestades na costa leste.
A área mais afetada pelas fortes chuvas – que começaram torrencialmente no dia 11 e continuaram durante toda a semana – é a área de Durban, a maior cidade da Província de KwaZulu-Natal e a terceira maior da África do Sul. Vários ministros viajaram para o local para inspecionar escolas, hospitais e infraestruturas afetadas.
Na véspera, o presidente Cyril Ramaphosa referiu-se a um desastre humanitário que requer intervenção massiva e urgente e declarou estado de catástrofe nacional, o que permitirá uma liberação excepcional de recursos.
As fortes chuvas e os deslizamentos de terra deixaram uma paisagem apocalíptica na província, com estradas destruídas e pontes desmoronadas. Um alto funcionário do governo local informou que cinco corpos foram recuperados nesta terça-feira, elevando o número de mortos para 448.
Muitos moradores estão sem água potável há oito dias, pois quase 80% da rede está fora de serviço, segundo as autoridades locais. Caminhões-pipa tentam levar água à população, mas algumas áreas continuam inacessíveis.
As autoridades disseram que restabeleceram a energia na maioria das áreas afetadas, mas o país enfrenta novos apagões impostos pela estatal Eskom, cuja infraestrutura precária é incapaz de atender às necessidades da população.
O Porto de Durban, um dos principais terminais marítimos da África e centro da atividade econômica do país, foi gravemente afetado. O acesso por terra foi reduzido devido aos danos registrados na rota que liga o porto ao restante do país. O fornecimento de combustível e alimentos foi interrompido. Além disso, as instalações de várias empresas foram destruídas.
<b>Danos substanciais</b>
As autoridades afirmam que os danos serão substanciais. Um cálculo inicial para os reparos da infraestrutura rodoviária alcança US$ 382 milhões.
O governo anunciou na semana passada a entrega de um fundo de emergência de US$ 68 milhões para a região, que já sofreu uma destruição massiva em julho durante uma onda de tumultos e saques.
As chuvas deram uma trégua desde o fim de semana, e praticamente não houve precipitação durante a noite de segunda-feira, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia.
As equipes de resgate continuam mobilizadas, pois dezenas de pessoas ainda estão desaparecidas. A esperança de encontrar sobreviventes é pequena. Nos necrotérios, as autoridades tentam agilizar as necropsias devido ao grande número de cadáveres.
Cerca de 10 mil soldados, bombeiros e eletricistas foram enviados às áreas afetadas para ajudar. O apoio aéreo para o transporte de mercadorias também está sendo intensificado e sistemas de purificação de água e barracas serão instaladas para os desabrigados.
Pelo menos 270 mil alunos não puderam voltar às aulas após o feriado da Páscoa, uma vez que mais de 600 escolas foram afetadas. "O valor preliminar (dos danos) é de 442 milhões de rands (US$ 30 milhões), e isso está relacionado apenas à infraestrutura. Muitas coisas foram danificadas nas escolas", disse a ministra da Educação, Angie Motshekga.
Além disso, quase 4 mil casas foram destruídas e mais de 13,5 mil danificadas. Cerca de 40 mil pessoas tiveram de deixar suas residências.
A África do Sul, que enfrenta um desastre natural sem precedentes, não costuma sofrer com o mau tempo que atinge regularmente seus vizinhos, como Moçambique e Madagascar.
No entanto, KwaZulu-Natal, localizada na costa do Oceano Índico, tem registrado um aumento de eventos climáticos severos nos últimos anos. O pior ocorreu em 2019, quando chuvas torrenciais e inundações deixaram cerca de 80 mortos nesta época do ano. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)