O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, confirmou que os deputados federais Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) e André Fufuca (PP-MA) comandarão ministérios na minirreforma na Esplanada. De acordo com ele, as conversas "olho no olho" entre o chefe do Executivo e os partidos acontecerão em agosto.
"Já tem uma decisão do presidente Lula de trazer esses dois parlamentares (Fufuca e Silvio Costa) que representam duas bancadas importantes do Congresso Nacional. Mas, mais do que elas, podem atrair outros parlamentares, trazer para o governo para ocupar postos de ministérios", afirmou o ministro em entrevista coletiva concedida ontem em Belém (PA).
Padilha disse que Lula gosta de construir uma relação com lideranças partidárias, seja com as bancadas dos partidos, seja com as direções.
<b> Olho no olho </b>
"Essas conversas olho no olho vão acontecer no mês de agosto e a decisão do presidente Lula já é de trazer essas forças partidárias, essas bancadas de deputados federais para o governo contribuindo com a votação dos projetos", acrescentou.
Na semana que vem, Lula estará fora de Brasília por causa de agendas em outros Estados. Nos dias 8 e 9, o presidente irá participar de compromissos na Cúpula da Amazônia, em Belém; já entre 10 e 11, ele estará no Rio de Janeiro. Na próxima sexta-feira, o governo federal fará o lançamento do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). "Depois dessas atividades ele vai provavelmente poder fazer esse encontro olho no olho", disse Padilha.
Anteontem, Lula admitiu que fará mudanças nos ministérios a partir de conversas com partidos do Centrão. Em entrevista concedida a um pool de rádios da Amazônia, o presidente disse que "a troca de ministros não pode ser vista como uma coisa absurda, uma coisa menor".
O Palácio do Planalto vinha enfrentando dificuldades para definir em quais ministérios vai acomodar Fufuca e Silvio Costa. Lula quer evitar a saída de mais mulheres depois da troca de Daniela Carneiro por Celso Sabino (União Brasil) no Turismo e preservar ministros que não têm mandato – o que deixou mais complexo o xadrez da reforma ministerial.
As portas abertas na gestão petista para o Centrão tem causado incômodo entre aliados na esquerda.
<b> Estelionato </b>
O presidente do PSOL, Juliano Medeiros, defendeu que qualquer diálogo que Lula promova com partidos do bloco, deve estar submetido ao "cumprimento" do programa de governo que o elegeu em outubro do ano passado.
Em sua avaliação, caso tal acomodação coloque em risco alguma renúncia das promessas de campanha, será "um erro imperdoável", por isso, diz que esse movimento deve ser acompanhado com cautela.
"Entendo a necessidade de diálogo de conversar, de contemplar algumas lideranças partidárias que não estiveram conosco na eleiçãoDE 2022, mas que queiram apoiar o governo agora", disse Medeiros ao <i>Estadão/Broadcast</i>, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. "Se uma aliança com o Centrão vier acompanhada de uma renúncia às promessas de campanha do presidente Lula, isso seria um erro imperdoável." Segundo o presidente do PSOL, é preciso evitar a "desilusão dos eleitores que escolheram o projeto", como ocorreu no passado. "Seria estelionato eleitoral", concluiu. (COLABOROU ELIZABETH LOPES)
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>