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Funaro diz que dinheiro recebido pela irmã era de contrato com J&F

O operador Lúcio Funaro contesta a versão de Joesley Batista de que recebia uma mesada na prisão. Funaro diz que o dinheiro entregue pelos irmãos Batistas à sua irmã Roberta, flagrada em operação controlada da Polícia Federal, se refere a um acerto de contas de um contrato de R$ 100 milhões que tinha com a J&F, que controla o grupo JBS, para mediar a briga societária que o grupo estava travando com a família Bertin.

Funaro está tentando livrar a irmã da prisão, decretada na semana passada na Operação Patmos. A alegação da defesa é a de que Roberta acreditava estar recebendo um dinheiro legal.

O advogado de Roberta e que também defende Funaro, Bruno Espiñera, diz que a prisão preventiva decretada foi ilegal já que Roberta não representa risco econômico, não representa risco de fuga, tampouco há risco de continuar praticando atos ilegais – estas todas condições necessárias para a decretação de uma prisão preventiva. Além disso, de acordo com a alegação da defesa, Roberta não poderia ser presa preventivamente por ser provedora de uma criança menor de seis anos e por cuidar da mãe, que está inválida.

A exemplo de Eduardo Cunha, que chegou a chorar ao falar de sua esposa e filha na bancada da Câmara, a família é um bem sagrado de Lúcio Funaro e a prisão de uma irmã pode se tornar um divisor de águas no comportamento do operador, segundo fontes próximas.

Desde que Funaro foi preso, em julho do ano passado, sua família tem implorado a ele que faça uma delação premiada. A mãe, Neiva Funaro, teve um acidente vascular cerebral (AVC) há alguns meses e sua condição chegou a fazer crer que Funaro fecharia a delação, segundo relatam alguns amigos. O que até agora não aconteceu.

Há quem especule que de fato o silêncio se devia ao dinheiro dos Batistas, donos da J&F. Em um dos pontos mais polêmicos na conversa gravada por Joesley Batista com o presidente Michel Temer, o empresário afirma que dava uma mesada para o operador Lúcio Funaro ficar calado na prisão.

Joesley também afirmou isso em sua delação e em uma ação controlada pela Polícia Federal, Roberta, a irmã de Funaro foi flagrada recebendo o dinheiro da suposta mesada. Estava com sua filha. Foi presa por esse motivo na semana passada e está na prisão de Tremembé, interior de São Paulo.

A Operação Patmos também fez uma varredura na casa de Roberta e encontrou além de R$ 1,6 milhão de dinheiro em espécie, uma série de documentos que haviam sido transferidos dos escritórios de Funaro para sua casa. O conteúdo dos documentos pode ser explosivo, segundo informou a colunista do Estadão, Andreza Matais. Mas sem o direcionamento de Funaro, a PF pode não avançar.

Segundo algumas fontes, o dinheiro encontrado na casa de Roberta era o que havia sido entregue pelos Batistas. Um processo judicial que corre sob sigilo na Justiça paulista e que foi anexado às delações de Joesley, comprovam que havia um saldo a pagar pela J&F no contrato de mediação firmado com Funaro.

A discussão está na Justiça, no entanto, porque a J&F alega que os serviços não foram integralmente prestados. Basicamente, o trabalho de Funaro era encerrar a briga com os Bertin. Os Bertin queriam receber mais dinheiro pelo negócio de fusão que havia sido fechado em 2009. Chegou a entrar com um processo judicial alegando que tinha sido roubado por um sócio até então oculto, a Blessed Holdings.

A J&F queria chegar a um acordo e para isso contratou Funaro. O acordo teria sido fechado, mas mesmo assim o contrato não foi integralmente pago pela J&F porque teriam restado algumas pendências em que credores do Bertin conseguiram penhorar o patrimônio da J&F como garantia do pagamento da dívida.

O caso foi parar na Justiça porque Funaro trocou e-mails datados de maio do ano passado cobrando que a conta que ficou em aberto desde 2014 fosse paga.

Funaro alegava dificuldades financeiras já que teria que honrar alguns compromissos para se defender das acusações que na época já lhe eram feitas. Em acerto recente, é que a J&F mesmo sem ganhar o processo teria aceitado pagar a diferença do contrato, mas exigiu que fosse em dinheiro por questões de compliance. Essa seria a mesada, alegada por Joesley Batista para que Funaro ficasse calado.

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