Os despachantes operacionais técnicos (DOT) da Latam em Guarulhos (SP) decidiram, na noite da terça-feira, 6, fazer uma paralisação após a empresa comunicar à categoria que vai demitir toda a equipe de DOT do terminal, informou o Sindicato dos Aeroviários de Guarulhos (Sindigru). Nesta quarta-feira, 7, a Latam confirmou o processo de demissão de 36 profissionais, que serão substituídos por uma equipe terceirizada.
Os DOTs trabalham em terra e são responsáveis por controlar tudo o que entra no avião, além de colaborar para o planejamento do peso e do balanceamento da aeronave. O presidente do sindicato, Rodrigo Maciel, explicou que apenas os profissionais que não podiam ser demitidos (por questões como licença maternidade) continuam na empresa. A paralisação engloba 48 funcionários.
"Vamos tentar uma assembleia com a empresa hoje para debater o tema", disse Maciel, destacando que discute com outros setores do Sindigru uma possível paralisação geral. No total, o sindicato responde por cerca de 1,4 mil profissionais da Latam no aeroporto. Por causa da pandemia, 727 profissionais já foram demitidos, disse Maciel. O sindicalista apontou ainda risco às operações aeroportuárias sem a atuação dos DOTs.
Em nota, a Latam Airlines Brasil informou que a partir desta quarta toda a sua operação no aeroporto de Guarulhos realizada pela equipe de DOTs passará a ser feita pela Orbital. "Esta ação da empresa de terceirizar esses serviços junto a Orbital já vinha sendo implementada desde setembro de 2018. A Orbital foi contratada e assumiu toda a operação da Latam de rampa e limpeza (ground handling), gestão de equipamentos de solo (GSE) e atendimento a clientes com bagagens perdidas ou danificadas (lost luggage)", disse a empresa, destacando que a iniciativa segue todos os parâmetros legais.
A estimativa era fazer as demissões apenas na quinta-feira, 8, mas com a paralisação da categoria a empresa antecipou o processo para esta quarta, assim como a entrada da Orbital.
A empresa destacou ainda que não procedem as suposições de risco à segurança operacional em Guarulhos. "As aeronaves da companhia seguem sendo carregadas corretamente de acordo com todos os protocolos exigidos para essa operação e a segurança segue sendo um valor inegociável para a companhia."
A Latam, que está em recuperação judicial nos Estados Unidos, tem feito ajustes em equipe para se adequar ao novo cenário pós-pandemia. No final de julho, a empresa demitiu 2,7 mil tripulantes e anunciou no mês passado ainda ter um excedente de 1,2 mil pilotos e comissários. O grupo trava agora um embate com o Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA) para tentar evitar novas demissões, mas exige que a categoria aceite uma redução permanente no salário. Os dois lados vão debater o tema sob mediação do Tribunal Superior do Trabalho (TST).