Funcionários do Banco Central prometem parar as atividades nesta sexta-feira, 29, pela manhã. De acordo com o coordenador de comunicação do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal), Luís Carrijo, o objetivo do movimento é chamar a atenção para a pauta de reivindicações das carreiras. A mobilização está prevista para as nove regionais, mas a expectativa é a de que a maior adesão ocorra em Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. “É mais um setor dentro do governo que está insatisfeito e se mobilizando”, afirmou.
A ideia, de acordo com Carrijo, é aproveitar a manifestação prevista de funcionários do setor público de várias áreas e da iniciativa privada para engrossar o movimento. O principal foco do protesto são as medidas de ajuste fiscal (MPs 664 e 665), que, segundo os organizadores, “restringem e dificultam o acesso dos trabalhadores a uma série de direitos”, e o PLC 30/2015, que trata das terceirizações.
No ano passado, os técnicos do BC paralisaram as atividades por cinco vezes. A arma foi utilizada ao longo de 2014 no intuito de a instituição modernizar a carreira desses trabalhadores. Este ano, durante a comemoração dos 50 anos da autarquia, no final de março, a categoria organizou um protesto diferente. Servidores que compõem o Sindicato Nacional dos Técnicos do Banco Central (SinTBacen) viraram-se de costas durante a fala do presidente da instituição, Alexandre Tombini, durante o evento. Na ocasião, mostraram inscrições na parte de trás das camisetas que vestem: “comemorar o quê?”.
Hoje, aproveitando a reunião dos três principais integrantes da equipe econômica no Ministério da Fazenda para a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), um grupo de concursados do Banco Central que ainda não foram nomeados decidiu mudar o local de protesto da sede da autarquia para o Ministério da Fazenda. No final do encontro, os manifestantes entregaram um estudo aos ministros Joaquim Levy (Fazenda), Nelson Barbosa (Planejamento) e Tombini.
O levantamento, de acordo com o movimento, revela que o quadro de defasagem de recursos humanos no BC é de 40%. No total, são 735 pessoas aprovadas no concurso do Banco Central, que já fizeram curso de formação, mas que ainda não foram chamadas. Para que o concurso não caducasse, houve uma extensão de sua vigência até setembro.
Às cegas
Carrijo, do Sinal, denunciou também que a capacidade operacional do BC foi novamente afetada. Na última sexta-feira, sob a justificativa do ajuste fiscal, uma portaria aumentou as restrições ao uso da internet por seu corpo técnico. O Sindicato prevê sério comprometimento na atividade do órgão com essas restrições. “O ajuste fiscal virou uma panaceia”, afirmou. “Enquanto o mercado financeiro tem ferramentas de informação em tempo real, como o Broadcast, os funcionários do BC ficam às cegas.” Nos últimos dias, a restrição de acesso à informação era o principal comentário entre os servidores na frente da sede da instituição.