Funcionários da Volvo, que fabrica caminhões e ônibus em Curitiba (PR), suspenderam a produção na terça-feira, 10, em protesto contra a intenção da empresa de demitir 400 trabalhadores, de um total de 3,2 mil. Na segunda-feira, 9, operários da Ford de São Bernardo do Campo (SP) também fizeram greve de 24 horas após a empresa informar que não pretende renovar a adesão ao Programa de Proteção ao Emprego (PPE) e o lay-off (suspensão de contratos de trabalho) – ambos vencem em junho.
A montadora informou ainda ter um excedente de 1.110 trabalhadores, de um total de 4 mil.
“Além das demissões, a Volvo quer que os trabalhadores abram mão até mesmo da reposição da inflação nos salários deste ano e de R$ 5 mil da Participação nos Lucros e Resultados (PLR), que ainda não tem valor definido”, disse o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Curitiba, Nelson Silva de Souza. No ano passado, foram pagos R$ 12 mil em PLR.
O sindicalista disse que os trabalhadores rejeitaram a proposta em assembleia na terça pela manhã e também querem que, se não tiver alternativa às demissões, que ao menos a empresa pague incentivos extras a quem for desligado. Nesta quarta-feira, 11, haverá nova assembleia e a paralisação pode ser mantida, disse Souza.
Em nota, a Volvo lamentou a paralisação de na terça “feita num período de grandes dificuldades da indústria automotiva brasileira e justamente quando a empresa vem buscando alternativas para minimizar os impactos da crise no setor”.
Já o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC informou que a Ford pretende revisar cláusulas econômicas do acordo coletivo, como alterações na tabela salarial e na PLR e congelamento de salários.
“Não dá pra aceitar uma negociação sem contrapartida, que rebaixa direitos, conquistas e condições de trabalho que tanto lutamos para conseguir”, disse o presidente da entidade, Rafael Marques. Ele defende a renovação do PPE e do lay-off, mecanismos adotados em períodos de crise.
A Ford apenas informou, em nota, que “está em negociação com o sindicato para tratar da significativa queda no volume de produção da indústria automotiva e os consequentes impactos na força de trabalho da empresa.”
A Mercedes-Benz e a Volkswagen, ambas de São Bernardo, também afirmam ter, respectivamente, 2 mil e 1.060 trabalhadores excedentes. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.