Os fundos de investimentos registram saques líquidos de cerca de R$ 22,9 bilhões no mês de dezembro até o dia 22, de acordo com dados divulgados ontem pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). No acumulado de 2014, as retiradas somam R$ 7,7 bilhões. Já em 12 meses, conforme a Anbima, o saldo é positivo em R$ 5,8 bilhões.
No mês de dezembro, a maioria das categorias registrou resgates, de acordo com a Associação. Entretanto, o volume de saídas foi motivado, principalmente, pelos fundos DI e renda fixa que acumularam saques superiores a R$ 13 bilhões cada.
Os multimercados também somam retiradas em dezembro que ultrapassam o patamar de R$ 1 bilhão. Segundo os dados da Anbima, os fundos de ações tiveram saídas de R$ 936,9 milhões, enquanto os cambiais registraram saques de R$ 235,2 milhões no período.
Na outra ponta, a categoria Previdência apresentou mais captações que resgates. O volume alcançou R$ 4,8 bilhões, de acordo com a Associação. No acumulado deste ano, os fundos de previdência somam captação líquida de R$ 30,4 bilhões. Também acumula captação líquida a modalidade de curto prazo que levantou mais de R$ 673 milhões em dezembro e cerca de R$ 3 bilhões em 2014.
Se considerados os fundos estruturados, tais como imobiliários, participações e FIDCs, o resgate líquido da indústria em dezembro reduz para R$ 17,7 bilhões, conforme a Anbima. A diminuição se dá, principalmente, por conta das modalidades FIDC Agro, Indústria e Comércio e Participações que registraram captação líquida de R$ 3,1 bilhões e R$ 1,3 bilhões no acumulado de dezembro, respectivamente.
Em termos de rentabilidade, o destaque no período de referência é o fundo cambial com retorno de 3,24%. Investimento no exterior vem logo em seguida com ganho de 2,71%. Um pouco abaixo, a rentabilidade dos fundos DI e de Curto prazo ficou em 0,71% e 0,69%, nesta ordem. Na outra ponta, o pior desempenho veio dos fundos de ações setoriais que, segundo a Anbima, tiveram retorno negativo de 9,28%.
Com patrimônio líquido de mais de R$ 2,6 trilhões, a indústria de fundos brasileira deve ter um dos piores anos desde o fim da crise de 2008 em termos de captação, segundo o vice-presidente da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), Carlos Massaru.
Os saques estão perto dos R$ 8 bilhões em 2014 até o dia 22 de dezembro. Considerados os fundos estruturados, o sinal é inverso e os fundos acumulam captação líquida de R$ 1,3 bilhão. Para o próximo ano, Massaru acredita que a captação da indústria de fundos deve melhorar, já que 2015 contará com “uma agenda com menos interferência”.