Estadão

G20/Haddad: Desigualdades e mudanças climáticas precisam ser enfrentadas como desafios globais

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu nesta quarta-feira, 28, que as desigualdades sociais e as mudanças climáticas precisam ser enfrentadas como desafios globais, sob o risco de um agravamento das crises imigratórias.

Em discurso na abertura oficial das reuniões de ministros de Finanças e presidentes dos bancos centrais do G20, Haddad falou sobre o papel da concertação global no enfrentamento da pobreza e crise climática. A participação foi virtual, já que o ministro ainda se recupera da covid-19.

Ele citou o combate à pobreza e à desigualdade, o financiamento do desenvolvimento sustentável, a tributação justa, a cooperação na agenda verde, a chamada de transição ecológica, e o endividamento crônico de vários países entre os temas prioritários que podem ser avançados nas reuniões de hoje e amanhã do G20.

Conforme Haddad, os países mais pobres pagam um preço proporcionalmente mais alto pela crise da globalização. Apesar disso, ele frisou que é ilusão pensar que as economias mais ricas podem virar as costas do mundo para tratar apenas de seus problemas domésticos, uma vez que também serão afetadas pelas consequências. "Em um mundo no qual trabalho e capital são cada vez mais móveis, pobreza e desigualdade precisam ser enfrentadas como desafios globais, sob a pena da ampliação das crises humanitárias e imigratórias."

Nesse sentido, o ministro destacou que o G20 é o fórum adequado na coordenação de politicas econômicas para redefinir a globalização, com critérios sociais e ambientais para o direcionamento dos fluxos de capital.

A conjuntura global, pontuou Haddad, é desafiadora, e os discursos nos debates globais oscilaram nas últimas três décadas entre o otimismo desenfreado e a completa negação. "Ao mesmo tempo em que milhões saíram da pobreza, especialmente na Ásia, houve substancial aumento de desigualdades de renda e riqueza em diversos países", declarou Haddad.

Ao cobrar medidas para que os bilionários do mundo paguem seus impostos, o ministro da Fazenda ressaltou que, enquanto crises causaram grandes perdas econômicas, um complexo sistema offshore ofereceu formas elaboradas de evasão tributárias aos super-ricos.

Ele observou que a parcela do 1% mais rico do mundo detém 43% dos ativos mundiais – ou seja, a riqueza global – e emitem o equivalente a dois terços dos mais pobres da humanidade.

Sob a emergência da crise climática, Haddad afirmou que o mundo tem lutado para definir os contornos da nova globalização. Ele considerou que a crise financeira global de 2008 expôs as limitações do modelo de globalização, chegando a uma crise na qual não há ganhadores.

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