Em um rápido intervalo do programa Mais Você, da Globo, sob o comando de Ana Maria Braga, em que participa do reality de culinária Super Chef, o ator, humorista e mágico Gabriel Louchard é rápido no gatilho, não tem tempo a perder, quase não respira para conversar com a reportagem por telefone. “Cara, você não está entendendo a loucura que é isso, esse Super Chef tem aula, a gente faz prova, é muita coisa”, conta o artista, mas será que ele é bom na cozinha? “Eu gosto muito de comer, mas eu não cozinho nada, estou aprendendo agora. Peguei algumas dicas com a minha mulher, que cozinha muito”, diz.
Mas esse não é o único compromisso profissional de Gabriel, que está em cartaz com Como É Que Pode, no Teatro MorumbiShopping, em São Paulo, com direção de Leandro Hassum. “Estou há seis anos em cartaz com esse espetáculo, que tem texto meu e do Maurício Rizzo (A Grande Família e Tá no Ar) e mistura stand-up com mágica, com algumas inserções de vídeos”, conta o ator, que também tem um programa no canal Multishow, Truque de Humor. “No meu programa de tevê, 80% é de mágica e 20%, de humor, já o Como É Que Pode é comédia que é permeada de mágicas”, esclarece ainda.
Premiado em 2013 no Fita – Festival de Teatro de Angra – como melhor espetáculo de comédia pelo júri popular e visto por cerca de 500 mil pessoas desde de sua estreia, Como É Que Pode conta com a participação do público. “Eu vou fazendo mágicas com a plateia, usando grande dose de improviso, exatamente por causa dessa interatividade, isso em cima do texto que faço sobre o universo do artista e do mágico em geral”, conta Gabriel, que fala de uma situação específica – “como é difícil você estar no teatro e ter aquela pessoa que não ri e é aí mesmo que você fica focado naquela pessoa e a situação se transforma em um jogo, você tem de fazer ela rir de qualquer maneira”.
E não é só com essa pegadinha que o artista tem de saber lidar. Gabriel conta mais sobre como superar alguns obstáculos durante seu show. “Aí tem aquela criança que quer estragar o show do mágico, tentando mostrar que viu algo do truque”, tem de saber lidar com isso, avisa Gabriel. “Tem uma esquete que eu faço o mágico que começa superagradável, oi galerinha, tudo bem criançada, vamos ver mágica, não pula, não corre, e, no final, ele já está sem paciência alguma, demônio, criança do inferno, solta essa droga da varinha, desabafa o mágico fazendo graça.” Outro ponto é a exibição de vídeos no meio do espetáculo, que satirizam esse universo artístico. “Por exemplo, eu chamo uma pessoa para uma mágica perigosa, daí entra o vídeo com instruções de segurança para esse voluntário, tipo instrução de voo”, explica Gabriel.
Nesse espetáculo, Louchard é dirigido pelo colega Leandro Hassum, um dos grandes nomes do humor atual. “Eu conheci o Hassum há cerca de dez anos, quando me convidou para participar do espetáculo dele e do Marcius Melhem, Nóis na Fita. Logo depois ele estava montando o seu solo Lente de Aumento e me chamou para fazer a abertura de uma noite e fiquei uns dois anos aquecendo o público para ele, foi uma escola, a partir daí comecei a amadurecer o meu show”, conta.
O ator, que já passou com esse espetáculo por diversas cidades brasileiras, e também Nova York, Boston e New Jersey, conta que começou a aprender mágica aos 10 anos. “Meu pai contratou um mágico para me dar aula particular. E, por sugestão dos professores na escola, fui fazer aula de teatro. Eles diziam, esse menino é muito espontâneo, para não dizer que eu era um inferno, põe num teatro, pai, daí fui fazer também teatro”, conta Gabriel, afirmando que, aos 11 anos, já era um mágico profissional. “E, aos 14, fui ao Programa do Jô como o mágico mais novo do Brasil, me destacando e trabalhando como profissional da área, mas de um modo mais moderno, com pegada engraçado”, fala Gabriel, que mostra a importância de ter se diversificado, conseguindo se impor como humorista e ator. “Foi da estreia de Como É Que Pode para cá que as coisas começaram a mudar. Um dia o (Maurício) Sherman foi me ver no teatro e daí fui parar no Zorra Total como humorista, fiz um quadro de mágica no Fantástico e fiquei dois anos como mágico e humorista no Faustão. De lá, fui para a novela em Rock Story, no Multishow fiz a série A Secretária do Presidente, participei do Vai Que Cola e então estreei meu programa Truque de Humor”, afirma Gabriel, dizendo ainda que foi muito válido ficar navegando por todos esses caminhos. “Foi muito bom poder navegar dessa forma, ora como ator, ora como humorista, ora como mágico, ora como tudo junto, ora como garoto de programa, ora como modelo. Mentira, modelo não”, se diverte Gabriel, que não perde a chance de fazer piada com ele mesmo.
COMO É QUE PODE
Teatro MorumbiShopping.
Avenida Roque Petroni Junior, 1.089, 5183-2800. 6ª e sáb., 21h; dom., 19h. R$ 60. Até 30/7.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.