A ideia de rebelião e de revolta está na mais nova coleção de John Galliano para a Maison Margiela. Desfilada na manhã desta quarta-feira, 26, em Paris, o verão 2019 da marca faz uma ode à liberdade de expressão e de identidade – de pessoas e de coisas – e marca o lançamento de sua mais nova fragrância Mutiny (Motim).
“Havia coisas acontecendo no mundo em meu entorno. Muita agitação em Paris e a marcha das mulheres nos Estados Unidos… Foi a coragem de defender o que você acredita (que me impulsionou nessa temporada). A criatividade é meu motim”, afirma o designer no podcast The Memory of… John Galliano.
Assim ele busca traduzir no perfume a na passarela os anseios das gerações Z (mais jovem) e dos millenials (jovens adultos de hoje). No processo de criação, diz ter buscado conversar com os estagiários da grife e ter ficado especialmente impressionado com seu destemor e coragem de ser quem são. E isso se reflete na apresentação.
Antes de seu início, uma série de vídeos estrelados pelos embaixadores do novo perfume sugeriam a atmosfera do que viria a seguir. “Não existe normal. Ser você é uma provocação”, diz a modelo trans Theodora Quinlivan, uma dessas “musas”. “Não seja diferente, seja melhor”, fala a atriz Sasha Lane em outro vídeo.
Quando a primeira modelo entra na passarela ao som de um cover de Tainted Love, hino do Soft Cell, esse inconformismo se materializa ainda mais. “Começando com os elementos básicos de um terno cinza, a capa preta, um vestido de noite, Galliano fez cortes precisos nos cotovelos, nas coxas e nos ossos do quadril, permitindo que o brilho de um PVC surgisse entre essas aberturas, que plumas escapassem, que forros em náilon bege emergissem numa sugestão do que pode estar por baixo daquilo”, descreve Vanessa Friedman, do The New York Times.
São peças desenhadas e cortadas como sobretudos que são usadas como capas, um blazer apresentado como maiô (ou seria o contrário?), um trench-coat usado como vestido, desconstruções de tudo que é convenção na moda.
A isso soma o casting de modelos andróginos e de gênero fluído, assim como o styling com as roupas colocadas livremente em cada um deles independente da identidade ou aparência. “Todo mundo deveria ser feliz. Todo mundo deveria ser o que quer ser”, defende Galliano.