O tradicional Galo dos Ventos — instalado há décadas no topo da torre da Catedral Nossa Senhora da Conceição, no Centro de Guarulhos — voltou a ganhar destaque após passar por processo de recuperação e repintura. A peça, que integra a paisagem da cidade há muito tempo e pode ter quase um século de existência, foi restaurada em cores vivas, seguindo o costume histórico de Portugal, país onde o símbolo é amplamente difundido.
Neste domingo, 7, e nesta segunda-feira, 8, a Catedral de Guarulhos realiza as comemorações por seus 340 anos.
Um símbolo que anuncia o dia e desperta os fiéis
Na tradição cristã, o galo ocupa um papel importante. Conhecido como anunciador da chegada do dia, ele simboliza o chamado ao despertar espiritual. Desde a Idade Média, galos eram instalados nos telhados e torres das igrejas como lembrete visual e religioso para que os fiéis se mantivessem atentos, vigilantes e prontos para louvar o Senhor.
O galo também remete à profecia bíblica de Jesus a Pedro:
“Antes que o galo cante, três vezes me negarás” (Mt 26,34),
evocando reflexão, arrependimento e perseverança na fé.
Além disso, ele é associado à tradição da “Missa do Galo”, celebrada à meia-noite do dia 24 para 25 de dezembro, quando o nascimento de Cristo é proclamado no início da madrugada — justamente no horário em que o galo simbolicamente anuncia um novo dia.
Do alto da torre, um marcador de fé e de direção
O Galo dos Ventos da Catedral de Guarulhos também cumpre sua função mais conhecida: indicar a direção dos ventos. Ao girar conforme as rajadas que vêm dos quatro pontos cardeais, torna-se um marcador natural da atmosfera e, ao mesmo tempo, um símbolo religioso.
Na tradição medieval, essa associação não era casual. Girando conforme os ventos, o galo representava o movimento do mundo e a ideia de que, no julgamento final, o “Filho do Homem” reunirá a humanidade dos quatro cantos do universo.
Restauração resgata cores e memória
A nova pintura — feita em tons vibrantes — segue a estética típica portuguesa, onde o galo colorido se tornou um ícone cultural. Ao recuperar essa característica, a Catedral reforça também um laço histórico e visual que remete à origem simbólica do artefato.
O resultado devolve ao topo da igreja um elemento que une tradição, arte, fé e memória — e que segue visível a quem passa pela região central de Guarulhos, seja a pé, de carro ou observando a paisagem urbana.
