O diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, voltou a reforçar no começo da noite desta segunda-feira,27, o tom "hawkish" que demonstrou na semana retrasada durante reuniões fechadas com investidores em Nova York, conforme apurou o <i>Broadcast</i> (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado). Participando nesta segunda-feira, 27, da 1ª edição do Market Talks, evento promovido pela Liga de Mercado Financeiro da Universidade Federal de Itajubá (Unifei), de Minas Gerais, Galípolo disse que a autarquia vai agir contra a desancoragem das expectativas de inflação caso ela prossiga.
Segundo o diretor, cabe ao BC não comentar a meta de inflação, mas correr para cumprir a meta, que é estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). "Cabe ao BC colocar a taxa de juro em um patamar restritivo o suficiente para perseguir a meta inflacionária", disse o diretor de política monetária para os professores e alunos da Unifei.
Ao ser perguntado sobre a mudança do forward guidance, que apontava para um corte de 0,50 ponto porcentual da Selic no Copom de maio, Galípolo disse que já vinha comunicando que a barra era alta para o abandono da orientação.
"Era preciso parcimônia. A maior parte do mercado já aguardava a mudança da meta fiscal, não era possível extrair correlação clara de trabalho dinâmico e pressão salarial. Não estava confortável em largar o guidance", disse Galípolo, parafraseando o presidente do BC, Roberto Campos Neto, que hoje durante almoço organizado pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide) disse que o tempo vai jogar a favor do BC.
"O BC vai dirimir as dúvidas levantadas, reforçando compromisso com perseguição da meta de inflação", reforçou Galípolo, afirmando que o importante a se registrar é que não há tergiversação no compromisso com a meta de inflação. "A função do BC não é explicar desancoragem, mas sim reagir a ela", disse o diretor.
<b>Não gostaria de passar ideia de que fiscal como muleta para não por inflação na meta </b>
O diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, mantendo o seu tom de compromisso com a reancoragem da inflação e a busca pelo centro da meta, disse há pouco que não gostaria de passar a ideia de ter a situação fiscal como muleta para não colocar a inflação na meta.
Ele reforçou que a autarquia tem instrumentos para colocar inflação na meta. "Isso pode ser com maior ou menor custo", disse Galípolo.
Ao ser provocado a comentar sobre a política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), Galípolo voltou a mostrar alinhamento com o discurso de hoje do presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, segundo o qual "não existe uma relação mecânica entre juros dos EUA e os do Brasil". Por fim, disse o diretor: "não temos meta de diferencial de juros, temos é meta de inflação".