Estadão

Galípolo diz que cogitou votar em 0,25 ponto porcentual, mas cita custo de abandonar guidance

O diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, que votou pelo corte de 0,50 ponto porcentual da Selic no Copom da semana passada, disse nesta quarta-feira que cogitou votar em 0,25 ponto porcentual de corte da Selic em vários diálogos, mas que entendeu que haveria um custo, um risco reputacional, para a credibilidade da comunicação da autarquia. Ele fez esta afirmação durante participação no período da manhã em evento do jornal <i>Valor Econômico</i>, em Nova York, ao ser questionado sobre seu voto por 0,50 ponto de corte da Selic.

"Minha preocupação foi em romper a lógica da comunicação do BC, mas se tivesse votado em 0,25 ponto estaria confortável hoje em justificar o meu voto. Mas tinha esse custo de abandonar o guidance", disse o diretor, emendando que na discussão sobre o abandono do guidance houve pesos distintos para cada diretor.

Segundo Galípolo, esse BC está relacionado com a credibilidade que os diretores que lá já estavam conquistaram e com a coerência entre o que fala e faz.

"Credibilidade se conquista e é natural que diretores que estão chegando sejam mais demandados a explicarem o que pensam. Mas quem acompanha o que falo não se surpreendeu com o meu voto", disse Galípolo.

Ainda de acordo com ele, não houve dentro do Copom a divisão em dois grupos dos diretores porque nas conversas dos membros aparecem justificativas para os dois lados e há a compreensão do lado dos que votaram em 0,50 ponto porcentual de que o cenário mudou, que a desancoragem das expectativas incomoda muito e que a taxa terminal da Selic na Focus subiu bastante.

"Os tempos são diferentes para quem está começando uma corrida. O meu mandato vai até março de 2027. Eu só quero ganhar credibilidade, preciso mostrar coerência entre minhas falas e ações. Do meu ponto de vista particular, me preocupo com função e reação que eu poderia passar com a comunicação. Se quero ganhar credibilidade preciso mostrar coerência entre as minhas falas e minhas ações", comentou o diretor, reiterando a justificativa do seu voto no corte de 0,50 ponto porcentual da Selic.

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