O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse nesta sexta-feira, 28, que a decisão sobre a meta contínua de inflação já havia sido tomada e a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) serviu apenas para esclarecimentos a este respeito. Galípolo reforçou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já esclareceram a reunião que tratou do decreto da meta.
"A publicação do decreto de metas atendeu aquilo que já havia sido comunicado. O decreto de metas reforçou e corroborou o que já estava dentro do esperado", disse.
Ele fez o comentário no Financial Week, da Liga de Mercado Financeiro, promovido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), no Rio de Janeiro.
Ele disse, também, que o BC é uma instituição aberta a revisitar suas práticas, mas ponderou que qualquer mudança tem de ser conservadora.
<b>Ideia de ano-calendário</b>
O diretor de Política Monetária do Banco Central defendeu a adoção da meta contínua de inflação. "O Brasil era um dos únicos países que continuava com meta de ano-calendário. Fazia pouco sentido continuar com a meta de ano-calendário. A ideia de ano-calendário faz pouco sentido, não se coaduna com a prática da política monetária", disse.
Segundo o diretor do BC, é "relevante" ter ficado estabelecido o valor da meta em horizonte amplo porque isso retira um elemento de incerteza sobre se o CMN iria mudar a meta. "A desancoragem já impactou a política monetária, comentamos sobre incômodo. As expectativas de 50 bps acima do centro da meta já eram um ponto grande de incômodo", continuou.
Havia, disse ele, dúvidas sobre mudança na diretoria do BC, e questionamentos sobre viabilidade da meta.
Galípolo reiterou que o poder democraticamente eleito estabelece a meta e cabe ao BC alcançar. "Cabe ao BC perseguir a meta com mais ou menos esforço", disse.