A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antimodecráticos, instaurada na Câmara Distrital de Brasília, ouve nesta quinta-feira, 22, o ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) general Gonçalves Dias.
G. Dias, como é conhecido, foi exonerado do governo Lula em 19 de abril após a divulgação de imagens das câmeras de segurança internas do Palácio do Planalto durante os ataques golpistas do dia 8 de janeiro, em Brasília. O general e outros servidores do GSI são vistos indicando aos invasores a saída do prédio e, inclusive, dando água aos bolsonaristas.
Ele é ouvido na CPI em condição de testemunha. Em depoimento já prestado à Polícia Federal, G. Dias explicou que estava fazendo um gerenciamento de crise e negou responsabilidade sobre os atos.
O general argumentou que não tinha "condições materiais" de fazer as prisões sozinho e que, em sua avaliação, houve um "apagão" do sistema de inteligência. Ele também apontou "falta de informações para tomada de decisões".
Nesta quinta-feira, 22, o general repetiu que não recebeu alertas sobre risco de ataques e que fez tudo que estava ao seu alcance. Ele contou ainda que um subordinado, que já trabalhava no GSI com seu antecessor no governo Bolsonaro, o general Augusto Heleno, tinha garantido que estava tudo normal naquele dia 8 de janeiro. "O general Carlos José Assunção Penteado me disse por volta de 14h que estava tudo normal, tudo tranquilo, mas ainda assim decidi ir ao Palácio", afirmou.
Ele também disse que a antiga gestão não colaborou com a transição de governo. E negou que o GSI fora convidado para uma reunião, no dia 6 de janeiro, dois dias antes da atos golpistas. A reunião foi organizada pela Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSPDF), então comandada pelo bolsonarista Anderson Torres.
G Dias afirmou não ter fraudado ou falsificado documentos entregues à Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência (CCAI) do Congresso Nacional. Documentos enviados em maio ao órgão apontavam que o general de Lula teria recebido 11 alertas da Abin via WhatsApp sobre os ataques golpistas. A informação havia sido retirada de uma primeira remessa dos documentos enviada durante a gestão de G Dias à mesma comissão e sobre o mesmo assunto.
"A CCAI solicitou ao GSI o que a Abin tinha produzido de informação. Esse documento passou para a Abin. A Abin respondeu com um compilado de mensagens de aplicativos. Esse documento tinha lá, ministro do GSI, mas eu não participei de nenhum grupo de WhatsApp. Eu não sou o difusor daquele compilado de mensagens. Então o documento não condizia com a verdade", disse.