Um aplicativo de software permite que o general da reserva Eduardo Villas Bôas, de 68 anos, se mantenha ativo nas redes sociais e participe de conversas com a família e amigos. Com uma doença neuromotora que lhe tirou a voz e o controle da musculatura, o ex-comandante concedeu a entrevista ao jornal <b>O Estado de S. Paulo</b> recorrendo apenas ao movimento dos olhos. A conversa de quase duas horas ocorreu em sua casa no Setor Militar Urbano, em Brasília.
Na manhã e começo da tarde desta quinta-feira, 2, ele ouvia, sentado em uma cadeira, as perguntas da reportagem e, diante de um iPad instalado numa estrutura à altura de seu rosto, escolhia, numa leitura de íris, as letras na tela para formar frases. Formadas as sentenças, uma voz de robô, emitida do aparelho, pronunciava as suas respostas.
Ele passou a usar o aplicativo após uma traqueostomia, realizada em outubro passado. "Me sinto muito melhor agora com essa possibilidade de me comunicar", disse. "Ficar sem poder falar é muito ruim."
Vestido com uma camisa do Internacional, de Porto Alegre, o gaúcho de Cruz Alta e ex-comandante do Exército estava bem disposto e bem-humorado. Procurou refletir a cada resposta dada. Foi assim, sempre, ao longo da carreira, que incluiu, além do Comando do Exército, de 2015 a 2019, o Comando Militar da Amazônia, entre 2003 e 2005, e adido militar em Pequim, nos anos 1980.
A doença chegou quando Villas Bôas estava à frente do Exército. Não impediu, no entanto, que ele continuasse no cargo e até aderisse às redes sociais. Desde 2018, as postagens do general no Twitter têm provocado reações na política e, quase sempre, apoio dentro das Forças Armadas.
Ao fim da entrevista de ontem, o general disse que está atento às recomendações de combate à pandemia do coronavírus. "Estou me protegendo. Se o vírus me pegar, me leva", afirmou, rindo. As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>