Educação

Gestão do novo ministro da Educação gera expectativas para especialistas

Economista, mestre em finanças e professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Abraham Weintraub, é o novo ministro da Educação, sucessor de Ricardo Vélez demitido do cargo na última segunda-feira. O fato de ser um economista que comandará uma das áreas mais importantes do governo e responsável pela política educacional que norteia o trabalho das 184 mil escolas existentes no Brasil gerou burburinho entre representantes do setor, mas especialistas enxergam boas perspectivas com a mudança. 
 
O professor universitário e especialista em Administração em Educação, Jailson Silva, enxerga de forma positiva a entrada deste novo ministro. “É um grande preconceito achar que um financista não pode ser gestor da Educação. Até porque a grande crítica ao ministro anterior era o fato de que ele entendia pouco de gestão. O atual é um economista, administrador, um financista”.
 
Para assumir as rédeas de uma pasta tão estratégica, Silva sinaliza as dificuldades que o novo ministro da educação encontrará pela frente. “Seu grande desafio será interpretar os objetivos do Governo Federal, transformar em ação organizacional, com planejamento, organização, direção e controle”. Além disso, também terá que mostrar grande habilidade como conciliador e até mediador de conflitos. “O clima político e acadêmico não é amistoso. Para isso, ele vai ter que trabalhar nas competências básicas de gestão para conseguir – usando a expressão dele – colocar a bola no chão e tocar para a frente. Sem uma equipe, cada um joga a bola para um lado e o país não avança”.
 
Expectativa no setor educacional
Um dia depois da posse, o novo ministro da Educação, Abraham Weintraub, anunciou na tarde desta quarta-feira, 10, seis novos secretários. Para a Secretaria Executiva, o nome escolhido foi de Antônio Paulo Vogel de Medeiros. Como secretário executivo adjunto, assume Rodrigo Cota. O novo titular da Secretaria de Educação Superior será Arnaldo Barbosa de Lima Junior, e da Secretaria de Educação Básica, Janio Carlos Endo Macedo. Para a Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior, foi escolhido Silvio José Cecchi. A Secretaria da Educação Profissional e Tecnológica será comandada por Ariosto Antunes Culau.
 
Com o novo comando da pasta, o professor Carlos Monteiro, fundador e diretor presidente da CM Consultoria, especializada na área educacional, espera menos entraves no setor de educação privada. “Que o MEC dê condição para as instituições trabalharem e se desenvolverem, evite ao máximo enxurrada de leis, portarias e decretos comuns a todo governo”. Maior agilidade nos processos de andamento dos pedidos das instituições, quanto à criação e aos reconhecimentos de cursos, é outro ponto citado pelo especialista. “Os processos precisam ser mais rápidos e menos burocráticos na sua tramitação”. 
 
Outra questão é a perspectiva de fortalecer o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), um dos principais programas do Ministério da Educação. De acordo com o Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp) apontam que cerca de 1.300 entidades que têm alunos beneficiados pelo FIES ainda não receberam repasse de recursos neste ano. A estimativa é de R$ 3 bilhões em atraso, em todo o país.
 
As instituições de ensino precisam da matrícula dos alunos da nova classe média e, os estudantes, do financiamento. “Mas o que a gente está vendo é uma queda acelerada de matrículas. Muitas instituições, principalmente as de menor porte, estão em uma situação financeira difícil”, acrescenta Monteiro. A esperança do setor é que, sendo da área da economia, o novo ministro possa entender melhor essa conta. “Como ele vem da Casa Civil, a expectativa é que tenha bom trânsito para que o FIES volte a funcionar”, conclui.
 

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