Economia

Gestores analisam se queda da ação da Petrobras abriu oportunidade de entrada

Os gestores estão começando a olhar com mais atenção para as ações da Petrobras, após a derrocada das cotações dos papéis ao longo deste ano. A percepção é de que o ativo, que chegou a bater o patamar mais baixo em dez anos, ao atravessar a chamada “tempestade perfeita”, poderá voltar a compor as carteiras, desde que a visão de longo prazo seja respeitada.

O sócio e gestor responsável pela área de renda variável da Pacifico Gestão de Recursos, Carlos Eduardo Ramos, afirma que algumas classes de ações já começaram a mostrar múltiplos mais atrativos e citou que até mesmo Petrobras, que vinha sendo deixada de fora da carteira, poderá ter, em breve, um bom momento de reentrada. “Estamos estudando e assim que começar a clarear mais poderemos montar posição”, diz.

O sócio da consultoria financeira Aditus, Leonardo Bortoloto, afirma que para o investidor de longo prazo pode fazer sentido analisar a entrada no papel da petrolífera, mas destaca que a ação deverá seguir volátil. “Ainda existe muita notícia que pode vir sobre este assunto e que vai mexer no preço da ação, como o balanço, troca ou não da diretoria e desdobramentos da operação Lava Jato”, afirma.

Na semana passada a ação da Petrobras atingiu os menores níveis em pouco mais de dez anos em meio a um cenário negativo envolvendo denúncias de corrupção, adiamento de balanço e forte recuo dos preços do petróleo. A ação preferencial chegou a R$ 9,18, mínima desde janeiro de 2005, enquanto a ação ordinária caiu a R$ 8,52, menor preço desde agosto de 2004. Esses preços não estão distantes nas mínimas históricas dos papéis: a PN de R$ 7,82 em 25 de abril de 2005 e a ON de R$ 6,89 em maio de 2004. Assim, a percepção de operadores de mercado é de que a ação tem hoje uma espaço mais restrito de queda.

No entanto, o cenário ainda é de muita cautela e é apropriado aguardar uma visibilidade maior em relação à Petrobras antes de entrar no papel, sugere o operador sênior da Guide Investimentos, Fabio Galdino de Carvalho. “Nesse cenário de incerteza, o melhor é esperar. Ainda é prematuro dizer que o papel está barato”, afirma. Segundo ele, o mercado está, no momento, olhando mais a produção da companhia do que seu financeiro, e que ajustes devem acontecer assim que o balanço auditado for publicado.

Nos últimos dias, os papéis já esboçaram uma reação diante da expectativa do mercado em torno da troca do comando da diretoria, possibilidade que passou a ser considerada após denúncias feitas pela ex-gerente-executiva da Diretoria de Abastecimento da Petrobras Venina Velosa da Fonseca de que a própria Graça Foster, presidente da estatal, foi avisada de irregularidades na empresa. No ano, tanto a ação ON quanto a PN acumulam perdas de aproximadamente 35%.

Entre possíveis nomes para substituir Graça Foster na presidência da Petrobras, ganharam evidência Nildemar Secches, ex-presidente do Conselho de Administração da BR Foods, Rodolfo Landim, ex-presidente da BR distribuidora, e João Carlos de Luca, que hoje preside o Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP).

Esta semana, no entanto, a presidente Dilma Rousseff saiu em defesa da presidente da estatal, indicando que não pretende mudar a diretoria da companhia. Para Dilma, não há provas concretas sobre qualquer conduta irregular de Graça.

O baixo preço do petróleo no mercado internacional, que atingiu neste mês o menor patamar dos últimos cinco anos é outra preocupação dos investidores. Profissionais do mercado lembram que com níveis tão baixos, começa-se a questionar a viabilidade dos projetos de exploração da empresa no pré-sal. Estimativas de alguns analistas apontam que o custo de extração no pré-sal gira em torno de US$ 45,00 a US$ 50,00 por barril. Por envolver uma exploração de longo prazo, que pode chegar a 35 anos, a estatal e as empresas parceiras não devem frear investimentos com base nos preços do petróleo no curto prazo.

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