Eles fazem parte da cena mais vibrante da música produzida no País. São representantes de vários instrumentos, com pouca ou muita estrada rodada, mas todos na mesma condição de gozarem da visibilidade limitada nada condizente com o brilhantismo de seus talentos.
O projeto Gig Nova, criado pelo jornalista Julio Maria e com produção de Débora Venturini, surgiu no início de 2017 para começar a pagar uma antiga conta. “A música instrumental não tem espaço na grande mídia”, reza o mantra nas entrevistas. Com tantos trabalhos sendo lançados a todo tempo, um projeto coletivo foi a saída para dar, além do espaço nobre de um jornal de grande circulação, um palco. A cada três meses, uma nova edição leva para a casa Tupi or not Tupi cerca de 15 músicos escolhidos pelo jornal. Eles são agrupados em quatro gigs que irão se apresentar na mesma noite. Escolhem seus repertório e vão para o palco. Todas as formações são inéditas.
A terceira edição do Gig Nova será nesta sexta-feira, 24, a partir das 21h. A casa tem lotado, por isso a dica é chegar por volta das 20h30. O espaço dos sócios Jeanne de Castro, Fabio Tagliaferri, Ângela Soares e Marcos Barreto foi escolhido pelo jornal por sua qualidade acústica e sua proposta de respeito às apresentações.
Dentre os nomes que já passaram pelo Gig Nova estão o sanfoneiro Mestrinho, o pianista Salomão Soares, o bandolinista Fabio Peron, o baterista Edu Ribeiro, a baixista Ana Karina Sebastião e o clarinetista Alê Ribeiro.
Nesta nova edição, dois destaques devem ser Thales e Nicholas Martins, irmãos gêmeos que passaram pelo Projeto Guri. Eles foram indicados pela instituição, que procurou o jornal para sugerir a participação de seus ex-alunos.
Haverá também nomes já poderosos, como o pianista Tiago Costa, o baterista Carlos Ezequiel, o guitarrista Conrado Goys, o percussionista Guegué Medeiros e a também percussionista Roberta Valente.
Nova fornada
A efervescência criativa de São Paulo rende mais uma edição do projeto Gig Nova, idealizado pelo jornal O Estado de S. Paulo em parceria com a casa de shows Tupi or not Tupi, na Vila Madalena. A terceira noite de improvisos entre músicos de destaque escolhidos pelo jornal será nesta sexta, 24, a partir das 21h, na Tupi. Serão quatro gigs (agrupamentos) montadas pelo jornal , com produção de Debora Venturini, que irão se apresentar na sequência, por 30 minutos cada. Os grupos misturam nomes com estrada sedimentada a outros na condição de promessas em seus instrumentos.
Gig 1. A Gig 1 terá o pianista Tiago Costa, o saxofonista Marcelo Coelho, o baixista Noa Stroeter e o baterista Carlos Ezequiel. Já são todos nomes de respeito, mas a formação, como as outras, é inédita. Aos 45 anos, Tiago é um dos grandes de sua geração. Fez parte do supergrupo Vento em Madeira, de um duo com Teco Cardoso e do Quinteto Reunion, com Chico Pinheiro, Edu Ribeiro, Felipe Salles e Bruno Migotto. “Música para mim é arte imaterial, universal e particular, evidente e invisível”, diz.
Ao seu lado, Marcelo Coelho, também de 45 anos, tem em sua extensa ficha trabalhos com Didier Lockwood, Rick Peckham, Ed Sarah, Ronan Guilfoyle, Ron Miller e Cliff Korman; além de brasileiros como Hermeto Pascoal, Guinga, Caetano Veloso, Sizão Machado e Sergio Barroso. A gig que por si já seguraria uma noite tem ainda a bateria do craque Carlos Ezequiel, produtor do recente álbum que o percussionista Airto Moreira lança nesta semana no Brasil, Aluê, e A Saga da Travessia, da Orkestra Rumpilezz. O baixo será de Noa Stroeter, 30 anos, filho de Rodolfo Stroeter, que viveu por sete anos na Europa, onde se formou com bolsa no mestrado do Conservatório de Haia (Holanda).
Gig 2. A noite segue com uma formação menor: os violonistas Conrado Goys e Daniel Santiago (violão/guitarra) vão levantar suas ideias ao lado do percussionista Guegué Medeiros. Conrado, 37 anos, produziu, arranjou e dirigiu o mais recente CD/DVD ao vivo de Luiza Possi, Seguir Cantando, além de coproduziu o álbum 8, de Pedro Mariano. Santiago, brasiliense de 37 anos, veio com a turma do bandolinista Hamilton de Holanda e o violonista Rogério Caetano, com quem formou, em suas origens, o Brasília Brasil Trio. “Música é algo que nos impulsiona a mergulhar fundo dentro de nós mesmos quando estamos no processo de compor”. Guegué Medeiros e um dos bateristas e percussionistas de linguagem mais inovadora em seus instrumentos. Ele já tocou com Moacir Santos, Chico Cesar, Xangai, Hélio Ziskind, Nelson Ayres, Chico Pinheiro, Toninho Ferragutti, Arnaldo Antunes, Luiz Melodia, Marcelo Jeneci, Filó Machado, Lenine, Zeca Baleiro, Seu Jorge, Anastácia, Maria Alcina, Martnália e vários outros. “Música é tudo que tenho, tudo que conquistei na vida eu devo a ela.”
Gig 3. A pianista japonesa Makiko Yoneda; a percussionista Roberta Valente (pandeiro); o baterista Nicholas Martins e o baixista Thales Martins estarão na terceira gig. Makiko é um destaque curioso: “Toquei piano em meu país dos três anos aos 18 anos. Quando tinha 32, parei de trabalhar em uma empresa no Japão e vim para o Brasil estudar música em Recife sem falar português.” Ela defende seu trabalho autoral, chamado Brasileirismo, ao lado de Jamil Joanes e Marcio Bahia. Conta também com o Quinteto do Zé Barbeiro e o Quarteto do Messias Britto.
Roberta Valente criou-se no choro. Saiu com Yamandú Costa em turnê pelo Brasil e Índia, e tocou com Nailor Proveta, Raul de Souza, Duo Assad, Altamiro Carrilho e Beth Carvalho. Já o baixista Thales e o baterista Nicholas são irmãos gêmeos que passaram pelo Projeto Guri e foram indicados pelos gestores como das maiores apostas a passar por ali. Thales já participou com seu trio de fusion de festivais da região e, em big band, tocou com Fernando Corrêa, Vinicius Dorin, Cesar Roversi, Sidnei Borgani, Eduardo Espasande, Nelton Essi, Rafael Leme. E Nicholas, junto ao irmão, ganhou as semifinais do festival internacional de música, Imagine Brazil, com a banda Hurried Trio.
Gig 4. Violino, piano, baixo e bateria. A gig 4 vai contar com uma agrupação curiosa. Carol Panesi, violinista, tem 32 anos e contabiliza 13 anos ao lado do grupo do baixista Itiberê Zwarg. Seu trabalho autoral é o que vem se destacando mais no momento. O piano de Mariana Chamis, de 23 anos, já tem brilho para ser um dos grandes. Hoje, ela atua como pianista da Big Band da Emesp, com a qual me apresentou em festivais como o Ilhabela in Jazz, e se prepara para tocar no Jazz at Lincoln Center, em Nova York. Seu quarteto se chama Misteriosíssimo, que se dedica às composições do baterista Nenê.
A baixista Lana Ferreira, 27 anos, cita como referências Luizão Maia, Jaco Pastorius, Hermeto Pascoal, Djavan, Miles Davis e James Jamerson. Ela toca hoje com Walmir Borges, mas já dividiu o palco com Chico César, Simoninha, Sandra de Sá. A cozinha é completa pelo baterista Fernando Baggio, 39 anos, que já lançou três discos e trabalhou com nomes da nova geração, como Thiago do Espírito Santo, Glécio Nascimento, Marcelo Jesuíno e Rubinho Antunes.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.