Gil veio de branco, com o céu ameaçando chuva, para encerrar a programação oficial dos 462 anos de São Paulo, no Centro Esportivo Tietê. Cantou para uma pista generosa, com vontade de dançar. Reuniu 20 mil pessoas, de acordo com sua assessoria de imprensa. Gil estava simpático e inspirado, finalmente empunhando sua guitarra vermelha, com uma banda de som cheio o apoiando. Há um bom tempo que Gil não aparecia eletrificado assim em um espaço público.
Cantou a abertura Tempo Rei e, depois, A Novidade. Já tinha o público nas mãos quando começou Não Chore Mais, reggae bobmarleyano. Assim que acabou, o sol fraco da tarde estava de volta. Ele então subiu dois graus em seu set jamaicano, com a força de Is This Love e, em seguida, a calmaria de Three Little Birds, tudo de Bob Marley.
Sem lembrar nada de seu disco mais recente, em que homenageou a obra de João Gilberto, pulou do reggae para o baião e só então acalmou a tarde com A Paz e Drão.
O céu começou a ficar bem escuro, com nuvens carregadas. “Estava quente, mas de repente bateu esse vento mais frio e o violão desafinou”, disse Gil calmamente. Ele afinou o instrumento e atacou de samba.
Gil surpreendeu ficando sozinho no palco para cantar apenas com violão Sampa, de Caetano Veloso, sua mais clara homenagem no repertório. Esqueceu pequenas partes da música, mas fez disso um charme. Sua banda já estava a postos para emendar Andar com Fé. E os tambores continuaram dando as cartas em uma introdução cheia de jazz do baixista Arthur Maia para a arrebatadora Palco.
A chuva não pegou Gil, e ele acabou dizendo: “Obrigado, São Paulo. Muita força, muita luta, muita simpatia”. Se despediu com Realce e Toda Menina Baiana. São Paulo merecia isso.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.