Campeão do UFC e prestes a fazer história mais uma vez. Em Cingapura, Glover Teixeira, de 42 anos, encara o checo Jiri Prochazka, de 29, invicto desde 2015, em defesa de seu cinturão dos meio-pesados. Caso vença a luta, ele se tornará o primeiro brasileiro a realizar o feito e, novamente, colocar seu nome entre os grandes lutadores da organização.
Em entrevista ao Estadão, Glover repercute os momentos que antecedem o combate e os destaques em sua carreira. Enquanto continua na ativa, ele se prepara para uma das lutas mais desafiadoras da sua carreira. Jiri Prochazka é um dos grandes nomes do UFC atual e o brasileiro sabe disso. "A trocação é, com certeza, um dos seus pontos fortes", comenta Glover. "Ele é imprevisível, mas o ponto fraco é a sua luta no chão."
Prochazka afirmou nos últimos dias que mudaria seu estilo de luta para encarar Glover, mas o brasileiro não vê isso com preocupação. "Não dou muito ouvidos para isso. Eu vi as lutas dele, treinei em cima disso. Se ele mudar e trouxer coisas diferentes para o combate, a gente vai descobrir lá, porque não tem como focar no que eu não sei", disse Glover, que salienta ainda a dificuldade em mudar seu estilo de luta. "Eu mudei bastante meu estilo nos últimos anos. É difícil, não dá para encaixar o combate de forma perfeita do dia para a noite. Então vamos aguardar."
Para esse combate, Glover seguiu com os treinamentos mais "inteligentes", em especial por conta de sua idade e o tempo de recuperação de seu corpo. "Há um tempo eu deixei de treinar duas, três vezes por dia. Foi muito difícil fazer essa mudança e diminuir treino e intensidade, mas sinto que aprimorei a qualidade do meu camping e estou preparado para o combate", afirmou o lutador ao Estadão.
Detentor do cinturão, Glover é o alvo a ser batido na categoria. Mesmo assim, pela quinta luta seguida, chega como um "azarão", segundo as casas de apostas. O lutador, no entanto, garante que isso não impacta seu mental para a luta. "Eu sigo quebrando os recordes. Sou o campeão mundial, mas sigo treinando e lutando com a mesma vontade de quando lutei para ganhar o cinturão. Ser o azarão não me impacta, porque eu nem olho para isso."
Lutar pela defesa do cinturão, por outro lado, é uma pressão que Glover buscou evitar durante seus treinamentos. Segundo ele, esses pensamentos podem atrapalhar o atleta durante a luta. "Quando enfrentei o Jon Jones, pelo cinturão, senti que o meu ponto fraco foi pensar muito no tamanho da luta. Isso me tirou muitas vezes o foco, mas na última luta, em que conquistei o título, já entrei com outro pensamento, que favoreceu o meu combate", contou Glover.
LEGADO
Glover se coloca entre os grandes nomes do MMA brasileiro. Para ele, "superação" resume sua carreira. "Estar no mesmo lugar que os top , os grandes nomes brasileiros como Minotauro e Vanderlei Silva é muito bacana para mim. Eu deixo esse legado, de um cara que deu a volta por cima em várias lutas, que é a história padrão dos brasileiros", afirmou Glover.
Com sua experiência, o lutador enxerga em Charles do Bronx e Amanda Nunes os grandes nomes do UFC brasileiro, mas já vê novos nomes para o futuro. Alex Poatan e Wellington Turman, que treinam junto com Glover, são suas apostas para o MMA nacional. "Eu os vejo (Poatan e Turman) de perto, a forma como estão treinando, e enxergo potencial. O Brasil tem muitos talentos, mas aposto muito minhas fichas no Alex para ser o próximo campeão".
Além disso, Glover enxerga com bons olhos sua passagem pelo UFC. Profissional desde 2002, seu cartel conta com 40 lutas, sendo 33 vitórias e 7 derrotas. Cada vez mais próximo da aposentadoria, ele deixaria um recado para si mesmo do passado, caso fosse possível. "Relaxa. Não leva as coisas tão a sério, não leva a vida tão a sério. Ela é muito mais que uma competição."
Próximo de seu aniversário de 43 anos, o brasileiro já fala e traça o "cenário perfeito" para uma aposentadoria. "O Plano Perfeito seria defender o cinturão aqui, defender o cinturão em Nova York e me aposentar lá. Mas eu nunca disse com certeza que vou me aposentar, porque não sou um cara que gosta de fazer decisões do futuro", contou o lutador.
O principal aspecto que Glover leva em consideração ao pensar sobre a aposentadoria é a sua motivação para seguir com os treinos. "Não vai ser uma decisão que vou tomar em cima do octógono e sim no dia a dia. Já faz 20 anos que luto, mas quando não tiver mais incentivos e motivações para ser o melhor do mundo, vou saber que é a hora de parar", afirmou Glover.
Confira o card completo do UFC 275:
CARD PRELIMINAR:
Peso-galo: Ramona Pascual x Joselyne Edwards
Peso-palha: Na Liang x Silvana Juarez
Peso-galo: Kyung Ho Kang x Danaa Batgerel
Peso-meio-médio: Jake Matthews x André Fialho
Peso-leve: Hayisaer Maheshate x Steve Garcia Jr.
Peso-pena: Seung Woo Choi x Joshua Culibao
Peso-médio: Brendan Allen x Jacob Malkoun
CARD PRINCIPAL:
Peso-meio-médio: Jack della Maddalena x Ramazan Emeev
Peso-mosca: Rogério Bontorin x Manel Kape
Peso-palha: Weili Zhang x Joanna Jedrzejczyk
Peso-mosca: Valentina Shevchenko x Taila Santos
Peso-meio-pesado: Glover Teixeira x Jiri Prochazka