A General Motors iniciou na terça-feira, 14, um novo recall no Brasil, o 13º da marca neste ano. Desta vez, o defeito é no cinto de segurança da terceira fileira dos bancos do utilitário-esportivo Trailblazer. Estão envolvidas 5.777 unidades dos modelos 2013, 2014 e 2015.
Nas 13 campanhas de recall realizadas até agora pela GM estão envolvidos 295,1 mil veículos, quase 9 vezes mais que o número de modelos convocados no mesmo período do ano passado (33,2 mil) em quatro campanhas. Na soma de todas as marcas de fabricantes e importadores que atuam no Brasil, 914,8 mil veículos foram chamados para voltar às concessionárias para correção de defeitos de fábrica desde janeiro. O número supera em 70% o do mesmo período de 2013 e não inclui motocicletas.
Em razão do grave problema enfrentado pela GM nos Estados Unidos, onde mais de 20 pessoas morreram em consequência de um defeito na chave de ignição de vários modelos, a fabricante tem adotado medidas preventivas e, com isso, o número de recalls da marca tem aumentado em todo o mundo.
Outras montadoras também adotaram a estratégia de prevenção. Outra explicação para o elevado número de recalls, segundo recente declaração do sócio da PriceWaterhouseCoopers, Marcelo Cioffi, é a maior sofisticação dos veículos. “Quanto mais tecnologia embarcada, mais chances de problemas.”
Boa parte das novas tecnologias, integradas por sistemas eletrônicos, foi criada justamente para dar maior segurança aos usuários, como airbags e freios ABS. “Não é porque tem mais recall que a tecnologia não funciona; ao contrário, ela reduziu significativamente o número de mortes em acidentes”, ressaltou Cioffi.
Baixo atendimento
Os recalls são convocados quando o defeito detectado coloca em risco a segurança dos ocupantes do veículo e de terceiros. Apesar disso, apenas 20% dos chamados são atendidos, segundo informou a associação de consumidores Proteste com base em dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran).
Nesta semana, a associação de consumidores Proteste enviou ao Denatran um ofício cobrando a medida que estabelece que o não comparecimento ao recall conste no Certificado de Registro e Licenciamento do Veículo (CRLV). “O registro no CRLV seria fundamental para que os proprietários passassem a atender aos recalls e os futuros compradores soubessem do problema que o carro teve, e se foi ou não solucionado”, cita a nota divulgada ontem.
A coordenadora institucional da Proteste, Maria Inês Dolci, afirmou ser “preocupante que 80% dos veículos com problemas dos mais variados estejam rodando sem o ajuste recomendado pela própria fábrica.”
A portaria que estabelece a informação no documento do veículo foi publicada em março de 2011 pelo Denatran e pela Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça, mas até agora não foi adotada por falta de atualização do sistema de Registro Nacional de Veículos Automotores (Renavam). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.