O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, deve entrar no circuito para tentar conter as demissões na usina da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) em Volta Redonda, no sul do Estado. Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense, Pezão se reunirá na próxima segunda-feira, 11, com o presidente da entidade, Silvio Campos, com quem debaterá o caso. A ameaça de cortes de até 3 mil pessoas na unidade se arrasta desde o fim de 2015, quando veio a público que a siderúrgica estudava paralisar as atividades de seu alto-forno 2.
Representantes do sindicato e da companhia se reuniram nestas quarta, 6, e quinta-feira, 7, mas não houve avanço nas negociações. Nesta quinta-feira uma mesa redonda na Gerência Regional do Trabalho em Volta Redonda levou seis horas. O sindicato dos metalúrgicos acusa a empresa de estar irredutível em nove propostas que implicam a perda de direitos, como o aumento do número de horas trabalhadas por turno e o fim do pagamento do adicional de 70% do abono de férias negociado nos últimos anos com os trabalhadores. A aprovação desses pontos em tese amenizaria, mas não impediria os cortes.
A CSN também estaria se recusando a buscar alternativas para evitar as demissões. Entre as sugestões do sindicato está a adesão ao Programa de Proteção do Emprego (PPE) do governo federal, a realização de um Programa de Demissão Voluntária (PDV) ou do regime de lay-off (suspensão temporária de contratos de trabalho).
O sindicato resiste em optar por uma greve e continuará buscando o diálogo com a CSN. A expectativa é que o governador Pezão ajude na interlocução com o presidente da companhia, o empresário Benjamin Steinbruch, com quem Silvio Campos quer se reunir diretamente. No momento as discussões são lideradas pelo departamento de Recursos Humanos da companhia. Atuando como coordenador das obras da ferrovia Transnordestina pela CSN, o ex-governador do Ceará e ex-ministro Ciro Gomes já teria sido acionado por Pezão para fazer o meio de campo com Steinbruch, contou o deputado estadual de Volta Redonda Nelson Gonçalves (PSD-RJ), que tem intermediado os contatos entre o governador do Rio e o sindicato.
A estimativa do sindicato é de que 3 mil funcionários deverão ser dispensados pela siderúrgica e que o valor dos contratos com fornecedores seja reduzido em 35%. A CSN não confirma os números, nem definiu se desligará o alto-forno 2 ou se adotará uma parada temporária para manutenção, para depois reavaliar as condições de mercado. A capacidade instalada de produção da CSN é de 5,6 milhões de toneladas por ano e o alto-forno 2 responde por 30% dela.
A Usina Presidente Vargas, em Volta Redonda, tem dez mil funcionários. Além do governo do Estado do Rio, que já enfrenta uma grave crise financeira, as potenciais demissões na CSN preocupam também o governo federal. Além da CSN, a Usiminas já anunciou o corte de cerca de 4 mil vagas com a desativação da usina de Cubatão (SP), a partir deste mês. Se os números se confirmarem serão 7 mil postos de trabalho fechados apenas nas duas companhias.