O governador a ser eleito neste domingo em São Paulo vai assumir o comando do Estado com uma reserva de aproximadamente R$ 30 bilhões em caixa. A estimativa é da gestão Rodrigo Garcia (PSDB). Mas o escolhido receberá também uma série de obras inacabadas e demandas crescentes na saúde, de combate às desigualdades e na segurança pública.
Segundo o secretário de Governo, Marcos Penido, a passagem de bastão deve começar em meados de novembro com o empenho de todas as secretarias e de olho no que ele chama de legado tucano. "Faremos uma transição democrática e republicana. Vou sentar com o representante do vencedor para uma primeira reunião geral e depois definir os indicados em cada uma das secretarias. Posso garantir que o próximo governador terá muito o que entregar à população, a partir do trabalho que fizemos nesses últimos quatro anos", afirma.
Ao listar as características do Estado a ser comandado ou por Tarcísio de Freitas (Republicanos) ou por Fernando Haddad (PT), Penido destaca a austeridade fiscal buscada desde 2019 por João Doria e Garcia. "Na passagem de bastão, vamos deixar em caixa verba para quitar seis folhas de pagamento, um recorde", afirma Penido. Nome próximo a Doria e, mais recentemente, de Garcia, o engenheiro de carreira do Estado lamenta que a população não tenha reconhecido nas ruas o trabalho desenvolvido pela última gestão. "A polarização nacional impediu essa percepção", acredita.
Penido assegura que Tarcísio ou Haddad acabará por revelar esse empenho ao entregar à população uma série de obras. "O próximo governador vai inaugurar um conjunto de estações de metrô, por exemplo, que ampliarão a rede atual de 100 km para 140 km", diz.
Tão esperada pela população, a expansão do transporte sobre trilhos em São Paulo foi justamente um dos temas criticados pelos adversários de Garcia ao longo do primeiro turno. Como na eleição de 2018, os candidatos atuais prometeram a conclusão das mesmas linhas, em função de atrasos históricos. O monotrilho da zona sul, por exemplo, deveria ter sido entregue para a Copa do Mundo de 2014, mas continua sem previsão de término.
<b>RODOANEL.</b> O caso mais emblemático de atraso na área de mobilidade continua sendo o Rodoanel. Idealizada por Mário Covas, que governou o Estado entre 1995 e 2001, a obra que tem por objetivo interligar as rodovias federais e estaduais que chegam à capital ficou parada ao longo de todo o governo Doria/Garcia e avança para o próximo sem prazo de finalização.
A concessão das Linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda, da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), vendida no início como uma solução, acabou por se tornar outro símbolo dos problemas não resolvidos. Negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo com ágio de mais de 202%, em abril de 2021, as linhas foram repassadas ao parceiro em janeiro deste ano em transição marcada por reclamações de usuários e um aumento significativo no número de falhas operacionais.
A situação levou o Ministério Público a propor neste mês um termo de ajustamento de conduta (TAC) com a concessionária, em uma tentativa de se evitar o pedido de cancelamento do contrato na Justiça. Um problema que cairá no colo do futuro governador, após batida de martelo que rendeu R$ 980 milhões em outorga a São Paulo.
Para o deputado estadual Paulo Fiorilo (PT), o futuro governador terá pela frente uma série de outros problemas que não dependem apenas de recursos em caixa, mas de "competência", segundo ele. "Eles seguraram o cofre nos primeiros anos para fazer caixa e lançar obras no fim do mandato com o intuito de reeleger seu candidato. Não deu certo, e qual é o resultado disso agora? Um Estado desmontado, que aprovou a extinção de empresas importantes, como a Emplasa e a CDHU, e não soube gastar por pensar só na eleição", afirma.
<b>CIRURGIAS.</b> Na lista de "insucessos", a fila para realização de cirurgias na rede estadual foi destaque na campanha. Em maio, o número de pessoas que aguardavam chegava a 538 mil – patamar que, segundo o governo, caiu para 319 mil mês passado em função de mutirões feitos em todo o Estado.
Presidente estadual do PSDB e ex-secretário de Desenvolvimento Regional do Estado, Marcos Vinholi defende as ações tomadas nos últimos anos para enxugar os gastos públicos e cumprir as metas de austeridade fiscal. "O governo será entregue com o menor endividamento da história do Estado, a menor despesa com pessoal em dez anos e o triplo do recurso para investimentos que encontramos", afirma.
Dados da Secretaria de Estado da Fazenda mostram que a atual gestão pode acabar com R$ 78,9 bilhões em investimentos aplicados. A anterior, de Geraldo Alckmin/Márcio França, investiu R$ 64,5 bilhões de 2015 a 2018.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>