Londres passará a um nível mais rígido de restrições para conter a pandemia, com a proibição, a partir desta sexta-feira, 16, de reuniões fechadas entre parentes que não morem na mesma casa. Pelas novas regras, os encontros ao ar livre só poderão ter no máximo seis pessoas. Já os pubs poderão atender apenas clientes sentados entre às 10 horas e às 17 horas. Os restaurantes podem receber pedidos após as 22 horas apenas para entrega e não é permitida a retirada da comida no local.
As restrições que passam a valer hoje incluem a capital e outras sete zonas do país, onde vivem 11 milhões de pessoas. Em Londres, as áreas mais afetadas são Richmond, Hackney, a City de Londres, Ealing, Redbridge e Harrow. Com as infecções dobrando a cada 10 dias, o Reino Unido registrou 19.724 novos casos e 137 mortes por covid-19 na quarta-feira – o último dado disponível.
O total de óbitos foi o maior em um dia desde o começo de junho, disseram as autoridades, quando as mortes estavam abaixo de 100 diárias. O número total de óbitos desde o início da pandemia é 43.155, o maior da Europa.
Com o objetivo de evitar uma quarentena em todo o país ao mesmo tempo, o governo do Reino Unido implantou um modelo que classifica as regiões conforme o número de infecções por habitante. Londres passa hoje a estar no nível de alerta 2, de uma escala que vai até 3, o que coloca a cidade em um risco "alto" para o coronavírus.
Quem não respeitar as restrições pode ser multado em £ 200 (cerca de R$ 1,4 mil) – esse valor pode chegar a £ 6,4 mil (por volta de R$ 45 mil). No caso de flagrante de aglomerações com mais de 30 pessoas, a multa é de £ 10 mil (R$ 70 mil).
Mesmo classificado como alto risco para a covid, as escolas continuarão funcionando e o trabalho presencial para setores que não sejam considerados essenciais poderá continuar. Hoje, Liverpool é a única região da Inglaterra com o nível máximo de restrições, com o fechamento dos pubs que não vendem alimentos.
"A todos os que trabalham na nossa grande capital, quero agradecê-los pelo que fizeram para suprimir o vírus uma vez.
Agora, todos temos de fazer nossa parte para controlar a doença mais uma vez", disse o ministro da Saúde, Matt Hancock, em uma audiência com parlamentares. "Sei dos sacrifícios que isso significa, mas sei que, se trabalharmos juntos, podemos vencer."
Segundo o ministro, o governo tem de agir rápido para evitar mais mortes e minimizar os impactos econômicos. "As coisas vão piorar antes de melhorarem."
O prefeito de Londres, Sadiq Khan, disse que é preciso alertar a população. "Temos um inverno duro pela frente", declarou. De acordo com ele, a cidade em breve deve atingir a média de 100 casos para cada 100 mil habitantes. "Hoje, já há um número significativo de bairros que já superaram essa marca."
O primeiro-ministro, Boris Johnson disse que seu governo está travando uma guerra contra o vírus e alguns sacrifícios são necessários para salvar vidas. A oposição, porém, afirmou que ele demorou demais para agir quando o vírus emergiu, não protegeu os idosos em casas de repouso e fracassou na implantação de um sistema de exames. No início da pandemia, o premiê adotava uma posição cética, que só mudou depois que ele mesmo foi contaminado e precisou de um respirador durante o tratamento.
Europa. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as mortes diárias por coronavírus na Europa podem superar, nos próximos meses, em até cinco vezes o pico de abril. Segundo o diretor regional da OMS para o continente, Hans Kluge, nove países relataram números recordes de novas infecções na semana passada.
"A evolução da situação epidemiológica na Europa provoca uma grande preocupação. Os casos diários aumentam, as internações aumentam e a covid é agora a quinta causa de mortes na região", afirmou. Pelo menos mil pessoas por dia morrem em média pela doença.
No entanto, segundo Kluge, há motivos para otimismo. Para ele, a situação não é a mesma da primeira onda da pandemia e países como França, Espanha e Reino Unido, que vêm adotando medidas rígidas, "podem salvar centenas de milhares de vidas". (Com agências internacionais)
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>