O governo britânico se manifestou por meio de dois ministros de Estado hoje sobre a prisão do fundador do WikiLeaks, Julian Assange, na manhã desta quinta-feira pela polícia do Reino Unido, na Embaixada do Equador em Londres.
“É absolutamente certo que Assange irá enfrentar a justiça da maneira correta no Reino Unido. Cabe aos tribunais decidir o que acontece a seguir”, afirmou o ministro para a Europa e as Américas, Alan Duncan, por meio de um comunicado divulgado pelo Foreign and Commonwealth Office (FCO), um departamento do governo local responsável por proteger e promover os interesses britânicos no mundo.
A polícia local informou que o preso foi levado sob custódia a uma delegacia no centro da cidade, onde ficará antes de ser apresentado à Corte de Magistrados de Westminster “assim que possível”. Assange estava exilado na Embaixada desde agosto de 2012, temendo que fosse extraditado para os Estados Unidos, por causa da divulgação de documentos militares norte-americanos pelo Wikileaks.
O asilo foi encerrado com a mudança na presidência do Equador, com Lenin Moreno sucedendo Rafael Correa. “Somos muito gratos ao governo do Equador, sob a presidência de Moreno, pela ação que realizaram. Os eventos de hoje seguem um extenso diálogo entre nossos dois países”, agradeceu Duncan.
De olho no futuro comercial britânico após a saída do Reino Unido da União Europeia, o chamado Brexit, o ministro disse ainda que aguarda com expectativa um forte relacionamento bilateral entre o Reino Unido e o Equador nos próximos anos.
Herói
O ministro das Relações Exteriores britânico, Jeremy Hunt, também se pronunciou sobre a prisão de Assange. “O que mostramos hoje é que ninguém está acima da lei. Julian Assange não é um herói. Ele escondeu a verdade por anos e anos e é certo que seu futuro seja decidido no sistema judicial britânico”, declarou. O ministro disse que a prisão de hoje foi resultado de anos de cuidadosa diplomacia do Ministério das Relações Exteriores, aproveitando para elogiar o embaixador do Reino Unido no Equador, o colega Alan Duncan e sua equipe em Londres pelo trabalho.
Segundo Hunt, se tratou também de uma “decisão muito corajosa” do presidente Moreno resolver a situação que já dura quase sete anos. “Julian Assange não é refém na Embaixada do Equador. Na verdade, é Julian Assange que mantém a Embaixada equatoriana como refém em uma situação absolutamente intolerável para eles”, comparou. “Isso agora será decidido de forma adequada, independente, pelo sistema jurídico britânico, que é respeitado em todo o mundo por sua independência e integridade, e esse é o resultado certo”, reforçou.
Hunt afirmou ainda que o Reino Unido vem conversando com o Equador “há muito tempo” sobre como resolver essa situação. “Somos um país cumpridor da lei e sempre respeitaremos a lei, então temos que seguir todas as regras internacionais em uma situação como essa”, ressaltou, acrescentando que o governo local não faz nenhum julgamento sobre a inocência ou culpa de Assange. “Os tribunais decidirão, mas o que não é aceitável é que alguém escape de enfrentar a Justiça e ele tentou fazer isso por um longo tempo. É por isso que ele não é um herói.”