Refletindo forte queda da arrecadação, as contas do Governo Central (Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social) registraram um déficit primário de R$ 8,05 bilhões em maio. Com o novo déficit – o segundo registrado em 2015 – o superávit primário acumulado no ano do governo central teve queda real de 67,5%, para R$ 6,62 bilhões, dificultando ainda mais a tarefa do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, de cumprir a meta fiscal fixada para todo o setor público de R$ 66,3 bilhões (1,1% do Produto Interno Bruto) em 2015. O resultado acumulado nos cinco primeiros meses do ano é o pior para o período desde 1998.
As contas do Tesouro Nacional registraram um déficit primário de R$ 1,481 bilhão em maio, de acordo com dados divulgados nesta quinta-feira, 25. Nos cinco primeiros meses do ano, o superávit primário acumulado nas contas do Tesouro Nacional caiu para R$ 34,596 bilhões. As contas do INSS registraram déficit de R$ 6,311 bilhões em maio e de R$ 27,472 bilhões de janeiro a maio. Já o Banco Central apresentou saldo negativo de R$ 257,9 milhões em maio e de R$ 497,6 milhões nos cinco primeiros meses do ano.
Analistas consultados pelo AE Projeções esperavam um déficit entre R$ 3,600 bilhões a R$ 9,750 bilhões de maio, com mediana negativa de R$ 6,000 bilhões.
Para alcançar a meta estipulada apenas para o Governo Central, que é de R$ 55,2 bilhões, será preciso um resultado positivo de R$ 45,58 bilhões de junho a dezembro.
O resultado de maio mostrou uma queda real de 29% do superávit primário em relação ao mesmo mês do ano passado. Este é o segundo pior resultado para o mês desde o início da série histórica, que tem começo em 1997.
Em maio, as receitas caíram 0,5% e as despesas recuaram 0,3%. O déficit das contas do Governo Central foi antecipado na semana passado pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.
Nos cinco primeiros meses do ano, o superávit primário sofreu uma queda de 29% em comparação ao mesmo período do ano passado. De janeiro a maio, as receitas do Governo Central recuaram 3,5% e as despesas aumentaram 0,2%. Em 12 meses, o governo central acumula um déficit de R$ 32,2 bilhões – o equivalente a 0,57 % do PIB.
Com a dificuldade de reação da arrecadação, que em todos os meses deste ano surpreendeu negativamente o governo – cenário que ficou mais claro a partir de maio – o governo começou a se mobilizar internamente para mudar a meta fiscal do ano. Embora não admita oficialmente, o ministro Joaquim Levy já articula com lideranças políticas a mudança da meta e avalia o melhor momento de iniciar publicamente esse processo. Os senadores envolvidos nas negociações defendem o início do processo em agosto. Em entrevista esta semana, o ministro já deu as primeiras sinalizações das dificuldades que o governo enfrenta para o cumprimento da meta.