As contas do Governo Central registraram déficit primário em junho. No mês passado, a diferença entre as receitas e as despesas ficou negativa em R$ 73,553 bilhões. O resultado – que reúne as contas do Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central – foi o segundo pior desempenho para o mês da série histórica, que tem início em 1997. Ficou atrás apenas de junho de 2020, quando o rombo foi de R$ 211,117 bilhões, em valores corrigidos pela inflação.
O superávit do mês passado foi pior do que a mediana das expectativas do mercado financeiro, que apontava um saldo negativo de R$ 66,400 bilhões, de acordo com levantamento do <i>Projeções Broadcast</i> junto a 19 instituições financeiras. O dado de junho, porem, ficou dentro do intervalo das estimativas, que eram de rombo de R$ 82,200 bilhões a déficit de R$ 29,756 bilhões
No primeiro semestre, o resultado primário foi de déficit de R$ 53,654 bilhões, o terceiro pior resultado para o período desde 1997. O recorde negativo havia sido no primeiro semestre do ano passado, quando foi registrado déficit de R$ 417,346 bilhões.
Em junho, as receitas tiveram alta real de 55,9% em relação a igual mês do ano passado. Já as despesas caíram 34,6% na mesma comparação, já descontada a inflação.
Em 12 meses até junho, o governo central apresenta um déficit de 401,0 bilhões, equivalente a 4,7% do PIB. A meta fiscal proposta pela equipe econômica para este ano admite um déficit de até R$ 247,118 bilhões, mas despesas como o combate à pandemia não entram na conta.
<b>Composição</b>
As contas do Tesouro Nacional – incluindo o Banco Central – registraram um déficit primário de R$ 18,190 bilhões em junho. No primeiro semestres, o superávit primário acumulado nas contas do Tesouro Nacional (com BC) é de R$ 105,017 bilhões.
Já o resultado do INSS foi um déficit de R$ 55,141 bilhões no mês passado. No ano até junho, o resultado foi negativo em 158,380 bilhões. As contas apenas do Banco Central tiveram déficit de R$ 221 milhões em junho e de R$ 291 milhões no acumulado do ano até o mês passado.
<b>Teto de gastos</b>
As despesas sujeitas ao teto de gastos subiram 0,3% até junho na comparação com igual período de 2020, segundo o Tesouro Nacional. A conta não inclui os gastos extraordinários feitos para combater os efeitos da pandemia do novo coronavírus, que ficam de fora do teto por serem urgentes e imprevistos.
Pela regra do teto, o limite de crescimento das despesas do governo é a variação acumulada da inflação em 12 meses até junho do ano passado. Porém, como o governo não ocupou todo o limite previsto em anos anteriores, na prática há uma margem para expansão de até 5,9%.
As despesas do Poder Executivo variaram 0,4% no período (margem é de 6,0%). Do Poder Legislativo, caíram 0,8% (margem de 10,6%) e, do Judiciário, aumentaram levemente em 0,1% (margem de 3,9%).