As rebeliões que atingiram presídios do Estado de São Paulo estão controladas, de acordo com o governo paulista. Na manhã desta terça-feira, 17, o motim que ainda tomava o presídio de Tremembé foi controlado após ação do Grupo de Intervenção Rápida (GIR), subordinada à pasta. A juíza Sueli Zeraick, da Vara de Execuções Criminais de Taubaté, acompanhou as negociações. Parte da penitenciária foi destruída. Ainda não há um cálculo dos prejuízos causados pelos detentos e o governo estuda como será feita a segurança no local.
No começo da tarde desta terça-feira, a SAP atualizou os números. De acordo com a pasta, 1.375 presos fugiram e 586 foram recapturados.
Em Tremembé, 218 fugiram e 108 já foram recapturados pela Polícia Militar. Mongaguá teve 563 fugitivos, sendo 197 recapturados. Em Porto Feliz, 594 presos fugiram, 281 já foram recapturados.
Em nota, a Polícia Militar no Vale do Paraíba, onde está o presídio de Tremembé, informou que intensificou o patrulhamento na região do centro de detenção com o objetivo de identificar e recolher os foragidos e também pede ajuda da população, que pode informar a localização de foragidos através do telefone de emergência 190 e pelo Disque Denúncias 181.
Na noite desta segunda-feira, quatro rebeliões aconteceram em presídios de São Paulo, em Mongaguá, Tremembé, Mirandópolis e Porto Feliz. O motivo da onda de revoltas foi a decisão da Justiça paulista que suspendeu as saídas temporárias de presos na Páscoa para conter a disseminação do novo coronavírus.
"Foi uma movimentação grave em termos do que eles causaram à penitenciária", comentou o promotor Luiz Marcelo Negrini, que acompanhou toda a negociação dentro do presídio em Tremembé. Os setores de enfermaria, rouparia e educação foram totalmente destruídos, segundo o promotor. Após apuração, presos envolvidos na rebelião serão transferidos.
Atualmente o Pemano, como é conhecido, tem capacidade para 2.672 detentos e a população carcerária no local é de 3.006 presos. Por volta de 10h, os detentos foram reconduzidos aos pavilhões.
Até o início da tarde desta terça, a Polícia Militar continuava a vasculhar toda a área de mata vizinha ao presídio na busca por mais fugitivos.
<b>Decisão judicial</b>
Em três dos quatro presídios onde aconteceram as rebeliões há presença de integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC).
O Tribunal de Justiça divulgou nesta segunda que a Corregedoria-geral da Justiça, a pedido da SAP, suspendeu a saída temporária que estava prevista para os próximos dias. A Corte disse em nota que a decisão levou em consideração "a grave crise da saúde pública enfrentada pelos órgãos de gestão e população em geral quanto à disseminação do novo coronavírus".
<b>CPP de Tremembé</b>
Fumaça sobre o CPP de Tremembé, no interior paulista, onde presos incendiaram objetos na noite desta segunda, 16 Foto: Reprodução/SIFUSPESP
De acordo com a decisão divulgada, a saída dos detentos seria remarcada pelos juízes corregedores dos presídios, "conforme os novos cenários e em melhor oportunidade". "Nesse momento de intensas medidas adotadas pelos Poderes constituídos, que restringem aglomerações de pessoas para se evitar a disseminação da doença, o Poder Judiciário considerou a necessidade de alteração da data porque, se agora fosse realizada, depois de cumprida a saída temporária, ao retornarem ao sistema prisional os detentos seriam potenciais transmissores do coronavírus aos demais encarcerados."
A SAP disse, em nota, que "a medida foi necessária pois o benefício contemplaria mais de 34 mil sentenciados do regime semiaberto que, retornando ao cárcere, teriam elevado potencial para instalar e propagar o coronavírus em uma população vulnerável, gerando riscos à saúde de servidores e de custodiados". (Colaborou Lucas Melo)