Na tentativa de reduzir a demora na travessia de balsa entre São Sebastião e Ilhabela, no litoral norte do Estado de São Paulo, que chegou a 6 horas nas últimas semanas, o governo estadual vai restringir a circulação de caminhões pelo sistema. Também vai oferecer um desconto de 20% para veículos de carga que optarem pela travessia durante a madrugada. Operadores de cargas, no entanto, dizem que as medidas vão prejudicar o setor.
– Os veículos de carga com mais de quatro eixos não poderão embarcar entre 6 e 20 horas, de segunda a quinta-feira. A medida, publicada nesta sexta-feira, 6, entra em vigor em dez dias.
– Não serão afetados caminhões com cargas perecíveis e veículos de serviços essenciais, como saúde. O governo acredita que 20% do total de caminhões que hoje embarcam nas balsas terão de seguir o novo horário.
As normas estabelecem horários diferenciados para o fluxo de caminhões nos fins de semana.
– Caminhões de três eixos ou mais não poderão entrar na ilha na sexta-feira, das 10 às 23h59, no sábado, das 8 às 16 e no domingo, das 8 às 14 horas.
– Em véspera de feriado prolongado – aqueles que emendam com o fim de semana – a proibição vale das 11 às 23h59, e no primeiro dia do feriado prolongado, das 8 às 16 horas.
Como incentivo à adoção de horários alternativos, caminhões que fizeram a travessia entre 0 e 6 horas terão 20% de desconto na tarifa. A redução na tarifa não vale para Veículos Urbanos de Carga (VUC) e caminhões tipo "toco", de dois eixos, que não são atingidos pelas restrições de horário.
A resolução proíbe o embarque de caminhões que ultrapassem o limite máximo de peso bruto total de 40 toneladas. A restrição se aplica, ainda, a veículos a partir de três eixos quando a altura da maré for inferior a 0,5 metro.
Para o transporte que exija travessia não compartilhada com veículos comuns, como é o caso de cargas perigosas, inflamáveis, explosivos e caminhões de coleta de resíduos sólidos (carregados), passa a ser obrigatório o agendamento prévio, com 48 horas de antecedência do horário pretendido, por meio do site do Departamento Hidroviário.
<b>Exceções</b>
As restrições não se aplicam a serviços essenciais, como transporte de gêneros alimentícios perecíveis, serviços médicos e hospitalares, concessionárias de serviços públicos, serviços médicos e hospitalares, carros-fortes, Corpo de Bombeiros, polícia e Exército. Todos, no entanto, devem observar o limite de peso e, no caso de veículos a partir de três eixos, a restrição quanto à altura da maré.
A resolução faz parte de um conjunto de medidas anunciadas no último sábado, 30, para todo o sistema de travessias do litoral paulista e inclui, ainda, o controle do embarque por pesagem na travessia de São Sebastião, que já opera desde a última quarta-feira, 4.
<b>Setor afetado</b>
Operadores de cargas que utilizam as balsas veem com restrições as medidas. Para o empresário Danilo de Oliveira Silva, que opera com caçambas, terraplenagem e uma frota de caminhões que transportam areia e pedra, utilizando diariamente o serviço de balsas, as restrições terão impacto negativo. "Não vai funcionar, pois não há balsa suficiente. Vão segurar os caminhões e depois não vão dar conta de atravessar todos no horário reduzido", disse.
Para ele, o incentivo para a travessia de madrugada depende de ter mais balsas, que hoje não tem. "(A medida) vai afastar os caminhões que fazem entrega na cidade e haverá encarecimento de produtos. Caminhoneiro não vai esperar o dia todo para passar de madrugada. No meu caso, vou ter que trabalhar dia sim, dia não. Isso porque só consigo carregar de dia, aí atravesso de madrugada descarrego na ilha e já não consigo voltar para São Sebastião por causa do horário. Vai prejudicar muito."