A Secretaria Estadual de Educação recuou pela primeira vez e revogou o fechamento de uma das 94 escolas no processo de reorganização do ensino paulista. A Escola Estadual Augusto Melega, em Piracicaba, no interior de São Paulo, continuará funcionando como unidade da rede. Na capital paulista, estudantes ocupam escolas para protestar contra a reestruturação promovida pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB).
A escola entrou na mira da reorganização da gestão Alckmin que prevê um aumento das unidades de ciclo único e fechamento dos colégios com excesso de classes ociosas (sem alunos), após estudo interno da diretoria regional de ensino de Piracicaba, que constatou que o local tinha vagas ociosas.
O recuo aconteceu após pressão da comunidade rural, de mães de alunos e estudantes da escola no Ministério Público e na Diretoria de Educação de Piracicaba.
“Fomos atrás dos nossos direitos. Em uma escola que está a pelo menos oito quilômetros de outras unidade, não podemos admitir a possibilidade de fechá-la e comprometer o direito do acesso à educação. É a única escola nesta região”, afirmou uma das líderes do grupo de mães, Alexsandra da Silva Soveges.
Escola rural
“Ao aprofundarmos o estudo e conversarmos com a comunidade, percebemos que se tratava de uma escola rural com características muito peculiares. Atende basicamente filhos de trabalhadores de um pequeno bairro rural e de pessoas que moram em fazendas. Isso nos levou a rever a nossa posição”, disse ao jornal O Estado de S. Paulo o diretor regional de ensino de Piracicaba, Fábio Augusto Negreiros.
De acordo com dados do Censo Escolar de 2014, a Augusto Mêlega possuía, em 2014, 165 alunos matriculados no ensino fundamental (do 6.º ao 9.º ano) e 77 no ensino médio. A unidade possui 27 funcionários.
No ano passado, teve uma taxa de aprovação de 94,8 de seus estudantes no ensino fundamental e 92% no ensino médio. No Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), principal indicador de qualidade educacional do País, o colégio obteve a nota 5,1 em 2013, aquém do esperado pelo governo federal (6).
A escola já havia sido alvo de manifestações do principal sindicato de professores no Estado, a Apeoesp, que reivindicava que a unidade continuasse ativa.
A outra unidade que estava prevista para ser fechada, Antonio do Mello Cotrim, continuará fazendo parte do processo de reorganização. Segundo o dirigente de ensino, o colégio foi pedido pela Prefeitura e deverá ser transformado em creche.