Junto com os novos empreendimentos para concessão em infraestrutura, o governo pretende anunciar medidas de aperfeiçoamento no mercado de capitais que permitam maior participação de recursos do setor privado. Foi o que informou nesta terça-feira, 28,o secretário executivo do Ministério do Planejamento, Dyogo Oliveira, no Encontro Internacional sobre Infraestrutura e PPPs, realizado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), em Brasília.
Entre elas, está a criação de um mecanismo que aumente a liquidez em investimentos em infraestrutura, para torná-los mais próximos da estrutura de negócios do setor financeiro brasileiro. Segundo o secretário, existe mercado secundário para 3,5% das debêntures em infraestrutura, mas para as demais debêntures ele é de apenas 0,3% do estoque. A criação de um fundo para aumentar a liquidez é uma alternativa em exame.
Questionado por um dos participantes do evento sobre como atrair mais capitais estrangeiros para o financiamento no Brasil, Dyogo deixou claro que o foco agora é o mercado local, com os R$ 6 trilhões em ativos. Na visão dele, há recursos suficientes para financiar os novos projetos. O problema é que esses recursos estão alocados em outro perfil de investimento.
“Mas o caminho está trilhado”, disse. “Tem de continuar desenvolvendo as debêntures em infraestrutura e outros instrumentos.” Ele acrescentou que, no Brasil, o natural seria haver grande participação de investidores institucionais, como fundos de pensão e seguradoras, que têm compromissos de longo prazo.
Dyogo reconheceu que o investimento estrangeiro é mais difícil de atrair. “Não oferecemos rentabilidade alta livre de riscos”, disse. “Eles têm de encontrar algum ganho de rentabilidade que justifique a saída dos títulos públicos para os privados.” Além disso, não há mecanismos de hedge para os prazos longos requeridos pelos empreendimentos em infraestrutura.
Por outro lado, os estrangeiros são mais habituados a conceder empréstimos de longo prazo. Por isso, o Ministério do Planejamento pretende criar um canal de divulgação dos projetos no mercado externo. “O capital estrangeiro é fundamental, mas não podemos contar com ele para ser o principal”, comentou o secretário. Ele acredita que os estrangeiros terão mais interesse em participar do equity dos projetos, como sócios, do que como apenas financiadores.