O governo federal vai discutir nesta sexta-feira, 5, a necessidade de empregar a Força Nacional de Segurança Pública nos protestos do domingo, 7, quando estão previstos atos a favor e contra o presidente Jair Bolsonaro em Brasília. As discussões envolvem o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e a Polícia Militar do Distrito Federal, responsável pela segurança da capital federal.
Bolsonaro tem criticado manifestantes contra seu governo, numa tentativa de criminalizar os movimentos. Na quinta-feira, 4, na "live" semanal que faz nas suas redes sociais, chamou os integrantes de grupos que pretendem ir às ruas no domingo de "marginais" e "viciados" e pediu que as pessoas não participem dos atos.
"Não compareçam a esse movimento que esse pessoal não tem nada a oferecer para nós. Muitos são viciados. Eles querem o tumulto. Domingo, ninguém comparece. É um pedido meu. Os antifas (antifascistas), novo nome dos black blocs, querem roubar sua liberdade", disse o presidente ao fazer referência aos grupos que foram às ruas durante a crise que culminou no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
Apesar do pedido de Bolsonaro para que seus apoiadores não saiam às ruas no domingo, grupos convocaram atos a favor do governo. A concentração está marcada para as proximidades da Torre de TV, área próxima à Esplanada dos Ministérios, onde os manifestantes contrários ao presidente pretendem protestar. A preocupação é que haja novos confrontos como os ocorridos no fim de semana passado em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Caso autorizada, não será a primeira vez que a Força Nacional será empregada em protestos contra o governo. Em maio do ano passado, os agentes já atuaram durante atos na Esplanada. A sua função neste tipo de missão é a de proteção do patrimônio público, para evitar que haja depredações de prédios de ministérios, por exemplo. O acompanhamento das manifestações e o controle de eventuais conflitos continuam sob responsabilidade da Polícia Militar.
A decisão sobre o tipo de segurança que será empregada no domingo será feita após avaliação dos diferentes órgãos de inteligência. Além da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), produzem informes sobre o caso a Polícia Federal, a Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça e os órgãos de segurança pública do Distrito Federal. Uma espécie de mapa de risco é desenhado para que as autoridades tomem suas decisões. O temor é de infiltrações de agitadores contrários em qualquer um dos lados, que poderia levar a um tumulto generalizado com consequências imprevisíveis.
Caso a Força Nacional seja chamada, o Ministério Justiça convocará para a atuação os militares que estão permanentemente de prontidão no Gama, região administrativa nos arredores de Brasília, onde existe uma base operacional. Atualmente, 1.491 homens estão mobilizados em 53 operações, em 18 Estados e no DF.
O governo do DF, no entanto, ainda aguarda para esta sexta-feira o resultado de ações que questionam os atos pró e contra o governo na mesma data.
Em São Paulo, por exemplo, o governador João Doria determinou que os protestos ocorram em dias diferentes.