O governo do Distrito Federal entrou nesta quarta-feira, 12, com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a permanência do líder do Primeiro Comando da Capital (PCC), Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, na Penitenciária Federal de Brasília. O caso, que tramita sob sigilo, está sob a relatoria do ministro Luís Roberto Barroso.
"Não quero ninguém vinculado à organização criminosa circulando aqui. Brasília não é local para abrigar presos dessa natureza, temos autoridades e 180 organizações internacionais na capital", disse ao Estado o governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB).
Ibaneis afirmou à reportagem que buscou uma solução sobre o tema com o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, mas não obteve êxito. "Como não conseguimos pela diplomacia, tentamos agora pela Justiça", observou.
A Ordem dos Advogados do Brasil no DF (OAB-DF) acompanha a questão e, segundo o Estado apurou, deve pedir a Barroso para acompanhar a ação como "amigo da Corte", uma espécie de assistente que pode enviar pareceres e ser ouvida no processo. Alinhada com o Palácio do Buriti, a OAB-DF afirmou na semana passada que "o crime organizado se transferiu para a capital e a segurança pública da cidade está sendo afetada".
Procurado, o Ministério da Justiça e Segurança Pública não havia se manifestado até a publicação deste texto.
<b>Plano de fuga</b>
Em dezembro do ano passado, o Exército cercou a Penitenciária Federal de Brasília após setores da inteligência do governo receberem informações de um plano para resgatar Marcola, o qual teria sido planejado por Gilberto Aparecido dos Santos, conhecido como Fuminho ou Magrelo, apontado como uma das principais lideranças do PCC.
Fuminho é considerado o maior traficante do Brasil e apontado como "sócio" de Marcola nas operações no País. De acordo com informações de setores da inteligência, ele está na Bolívia, de onde controla a operação de envio da droga para a Europa.
Em fevereiro do ano passado, uma megaoperação foi feita nos presídios de São Paulo para isolar 22 lideranças do PCC. Marcola, que estava na Penitenciária II de Presidente Venceslau, foi transferido primeiro para Porto Velho, em Rondônia. Em março, menos de um mês após sair da unidade paulista, foi levado para a Penitenciária Federal de Brasília. Outros três integrantes do PCC foram levados no mesmo dia: Cláudio Barbará da Silva, Patrik Wellinton Salomão, e Pedro Luiz da Silva Moraes, o Chacal.
O governo do DF é contra a permanência de todos os líderes de facções criminosas na capital federal.