A Secretaria Estadual de Segurança vai criar um núcleo de inteligência para combater o tráfico de armas no Rio. O anúncio foi feito pelo Secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, após uma reunião da nova Divisão de Homicídios, na tarde desta segunda-feira. A ideia é reforçar a vigilância das fronteiras estaduais, por onde o secretário afirma que entram armas para quadrilhas de traficantes de drogas. O grupo, que começará a trabalhar no próximo dia 23, reunirá policiais civis e militares e dez profissionais da Polícia Federal(PF). Uma crítica recorrente de Beltrame é que o Estado do Rio está “isolado” no combate à entrada de armas e que as fronteiras nacionais carecem de fiscalização da PF.
De acordo com a Polícia Civil, entre janeiro e fevereiro deste ano, 30 fuzis AK-47 de fabricação russa foram apreendidos. A suspeita é que tenham pertencido ao exército da Ucrânia.No total, nesses dois meses, 89 fuzis foram apreendidos. “O objetivo é diminuir a criminalidade e fazer um mapeamento efetivo das áreas possíveis, fazendo com isso que se aumente prisão, com que se tire bandido da rua e que se consiga reduzir o numero de fuzis e armas longas”, disse Beltrame nesta segunda-feira, ao participar de reunião da recém-criada Divisão de Homicídios, que integra as delegacias de homicídios do estado.
“Serão ações de inteligência e investigação policial”, disse Beltrame, que não descarta atuar com policiais nas divisas do Estado na tentativa de impedir a entrada de armas. Segundo ele, o policiamento dos limites estaduais não terá uma patrulha permanente. “Uma patrulha 24 horas sem ter inteligência é, na minha visão preliminar, atrapalhar o trânsito.”
Segundo Beltrame, o governo do Paraná está implantando ações semelhantes e deve ocorrer um intercâmbio entre as secretarias de segurança dos dois estados. O delegado chefe da Polícia Civil, Fernando Veloso, disse que 47% das armas que são apreendidas de criminosos têm origem americana. De acordo com o delegado, esses armamentos foram exportados ilegalmente dos Estados Unidos e na maior parte das vezes vão para o Paraguai. Do país vizinho, entrariam no Brasil.
Veloso afirmou que a polícia tenta agora descobrir qual o caminho exato dessas armas até chegarem ao tráfico. “É isso que a gente quer saber, para tentar o caminho inverso. É uma dificuldade muito grande que se tem, porque as respostas que nós recebemos, muitas vezes das empresas, são as mais variadas e a gente considera até que não deveriam ser essas as respostas”, criticou. Veloso alerta que muitas das armas são remontadas no Brasil, com peças provenientes de diversos outros armamentos. “A gente também tem muitas armas nacionais que foram exportadas e voltaram para o país”, acrescentou.