Internacional

Governo e grandes bancos elevam tom de alerta sobre efeitos negativos do Brexit

Políticos e representantes do setor financeiro têm alertado para a possibilidade de que, com a saída do Reino Unido da União Europeia, o setor seja fortemente prejudicado.

As ameaças, entretanto, são encaradas de outra forma na região de Poplar, um bairro de origem operária no Leste da capital britânica. Para o operário da construção civil Steve McIlhagg, de 53 anos, um Reino Unido independente é algo positivo para os trabalhadores ingleses. A perda de alguns postos de trabalho no setor financeiro não o incomoda.

“Foram eles que nos arrastaram para a recessão, e ainda estão recebendo milhões em gratificações!”, disse McIlhagga. “Eles querem permanecer na UE porque estão fazendo dinheiro. Mas onde eu moro, tem bastante desemprego, e tudo ficou pior.”

Pressionados pelas pesquisas eleitorais mais recentes, que apontam para uma pequena vantagem em favor do que defendem a saída do Reino Unido da UE, o primeiro-ministro David Cameron e líderes empresariais têm batido na tecla de que muitos bancos podem mover seus escritórios para outras capitais europeias.

Sair da UE “certamente acabaria com uma enorme quantidade de empregos, não apenas em Londres mas em centros de serviços financeiros espalhados por todo o país”, disse o primeiro-ministro no mês passado, durante o Forum Econômico Mundial, acrescentando que até 100 mil empregos podem ser destruídos apenas Londres.

Banqueiros também tem elevado o tom de suas ameaças. Em visita ao Reino Unido no mês passado, o executivo-chefe do JPMorgan Chase, James Dimon, afirmou que poderia realocar parte de seu estafe de 16 mil pessoas para o continente europeu caso o voto favorável à saída da UE vença.
O HSBC também indicou que poderia realocar cerca de mil postos de trabalho.

“Podemos enfrentar ofertas de realocação de bases por parte de Paris, Frankfurt e Dublin”, disse Lucy Thomas, vice-diretora da campanha pela permanência.

O setor de serviços financeiros responde por apenas 3,4% dos postos de trabalho no país, mas representa 8% do Produto Interno Bruto (PIB) britânico, de acordo com dados do governo de 2014. Um estudo da PricewaterhouseCoopers mostra que o segmento contribui com 11,5% da arrecadação fiscal do governo.

Estatísticas como essa, no entanto, não assustam as vizinhanças mais pobres e distantes dos prédios espelhados da City londrina. “Você não vê muitos efeitos (dessa riqueza) aqui”, disse Andrew Wards, um trabalhador da construção civil que vive em um barri próximo ao Parque Olímpico. Ele pretende votar pela saída da União Europeia. Fonte: Dow Jones Newswires.

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