Com a demanda dos investidores em alta por causa das elevadas taxas de juros pagas pelo governo brasileiro, o Tesouro Nacional voltou a emitir um volume expressivo de títulos públicos no mês de abril. Foram lançados R$ 102,21 bilhões em papéis – contra R$ 45,8 bilhões em abril de 2014.
Desde o início do ano, o órgão adotou a estratégia de antecipar a recompra de títulos com vencimento ao longo do ano, para reduzir incertezas e aproveitar a demanda em alta. Com isso, descontados os resgates, no acumulado do ano, há emissão líquida da DPF de R$ 38,9 bilhões.
“O volume de emissões está elevado porque a demanda está elevada e as condições de mercado propiciam. Mas o volume em abril foi menor do que o emitido em março”, afirmou o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, José Franco.
Em abril, apesar do volume ofertado, houve resgates de R$ 112,64 bilhões, principalmente de títulos prefixados. O resultado final no mês foi um resgate líquido de R$ 10,43 bilhões.
Ainda assim, o estoque da dívida pública federal (DPF) detido pelos investidores subiu 0,42% no mês passado, quando atingiu R$ 2,451 trilhões. Isso porque pesou na conta a correção dos juros, que foi de R$ 20,70 bilhões no período.
No exterior
De acordo com Franco, o Tesouro – que ainda não fez nenhuma emissão externa este ano – continua avaliando condições de mercado para escolher o melhor momento para acessar o mercado internacional. “O Tesouro está preparado para aproveitar janelas de oportunidade que possam surgir, mas sem pressa porque a necessidade de financiamento externo em 2015 é praticamente zero”, afirmou.
Segundo ele, o objetivo de uma eventual emissão externa é fazer “pontos de referência”, balizar as taxas de juros pagas por empresas brasileiras em emissões no exterior.
Aventada na gestão de Arno Augustin à frente do Tesouro, Franco praticamente descartou uma emissão em ienes em um futuro próximo. “Avaliamos a possibilidade de acessar outros mercados, mas em principio devemos permanecer focados em dólar e euro”, afirmou.
Em abril, a parcela de papéis prefixados no total da dívida recuou para 39,69% em abril e voltou a ficar fora das bandas previstas no PAF, que vão de 40% a 44%. “A ideia é ao longo do ano enquadrar todos os parâmetros da dívida nas bandas do PAF”, disse Franco. A fatia da dívida atrelada ao câmbio caiu de 5,18% em março para 4,81%, ainda dentro do planejamento, por conta da variação cambial do período.