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Governo lança campanhas para ampliar diagnóstico de hepatites B e C

O Ministério da Saúde lançou nesta segunda-feira, 27, duas campanhas para ampliar o diagnóstico de hepatites B e C no Brasil, doenças silenciosas que podem levar à cirrose hepática e ao câncer do fígado. A estimativa é de que 140 mil pessoas tenham o tipo B. O tipo C, por sua vez, causa aproximadamente 3 mil mortes ao ano. Associada com a campanha, o ministério anunciou a nova estratégia para tratamento de pacientes com hepatite C, que incorpora o uso de três drogas, mais eficientes e com menos efeitos colaterais para pacientes. “A mudança tem um impacto semelhante à incorporação do coquetel antiaids para pacientes com HIV”, comparou o ministro da Saúde, Arthur Chioro.

Os medicamentos (daclatasvir, sofosbuvir e simeprevir) deverão chegar no País este ano e serão suficientes para o tratamento de cerca de 15 mil pessoas. Em 2016, outros 15 mil doentes terão acesso ao remédio. A nova terapia, já adotada nos Estados Unidos e alguns países europeus, tem eficácia de cerca de 90%, um índice bem superior aos medicamentos usados até agora (entre 50% e 70%). A duração do tratamento também será menor: das 48 semanas atuais para 12 semanas.

Por ser mais eficaz e mais seguro, o novo modelo de tratamento poderá ser usado também por pacientes que até agora eram excluídos da terapia, por causa dos efeitos colaterais, os pacientes com HIV e com transplantados. Atualmente, cerca de 10% dos pacientes com Hepatite C também são portadores do vírus da aids. “Eles agora vão poder ser tratados.”

O uso do medicamento será indicado tanto para pacientes novos e para aqueles que já passaram pela terapia convencional, mas sem sucesso. Aqueles que já estão em terapia, devem seguir com o uso do medicamento já receitado.

Para financiar a compra dos medicamentos, neste primeiro ano serão destinados R$ 500 milhões. A cifra, embora bem significativa, representa 2,5 menos do que é destinado para o tratamento atual. O valor também é bem menor do que o governo federal vem desembolsando para cumprir ordens judiciais que determinam o fornecimento das drogas para pacientes que recorreram à Justiça para garantir o fornecimento do remédio pelo SUS.

O diretor do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, Fábio Mesquita, afirma que atualmente são gastos US$ 250 mil com a compra desses remédios. Com a incorporação do medicamento ao SUS, o valor médio do tratamento será de US$ 9,6 mil. “O desconto obtido foi de 90%”, comemorou Chioro. Ele acredita que a negociação abrirá caminho para que outros países tenham descontos semelhantes aos que foram obtidos pelo acordo brasileiro.

O tratamento para hepatite B também deverá ser alterado num futuro breve. Mesquita informou que, em setembro, será colocado em estudo a incorporação do tenofovir para pacientes com a doença. “A terapia será mais simples, com grandes ganhos para o paciente”, avalia.

Devem fazer o teste para hepatite sobretudo pessoas com mais de 40 anos, consideradas pelo Ministério da Saúde as de maior risco de exposição para os dois vírus. O simples resultado positivo para hepatite C, no entanto, não significa que o paciente já deva iniciar imediatamente a terapia. Feito o teste, disponível em unidades básicas de saúde, pacientes devem ser encaminhados para uma avaliação do estágio da doença. Essa estratégia também mudou, com o protocolo lançado pelo governo. A partir de agora, em vez da biopsia, um teste invasivo e doloroso, pacientes são encaminhados para realização de outros testes, de sangue e de imagem.

“Eles vão identificar a fase da doença e se é de fato necessário o uso da associação de medicamentos, disse Mesquita. Ele avalia que a mudança vai permitir maior acesso à população ao tratamento. “A biópsia, além de invasiva, é um exame que exige maior complexidade da rede de saúde”, disse. Ele acredita que, com o novo protocolo, a indicação do tratamento poderá ser feita em locais onde a estrutura de saúde é mais precária.

Anualmente, são confirmados em média 17 mil casos de hepatite B no Brasil. O vírus é transmitido por meio do sexo desprotegido, sangue contaminado, da gestante para o bebê. Há também casos de infecções durante procedimentos em hospitais. A doença, no entanto, pode ser prevenida com vacina, dada em três doses. Desde 2013, o imunizante é ofertado no SUS para população com até 49 anos. A hepatite C, por sua vez, passou a ser diagnosticada somente a partir de 1993, quando exames específicos passaram a ser ofertados.

A exposição ao vírus causadora da doença ocorre principalmente pelo uso de drogas injetáveis, por transfusões, hemodiálise, sexo desprotegido e compartilhamento de objetos de uso pessoal, como escovas de dente. Estima-se que 1,4 milhão a 1,7 milhão tenham tido contato com o vírus. “Muitos não sabem que estão infectados. Daí a importância para o teste”, disse Mesquita.

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