Uma em cada cinco crianças de até cinco anos sofre de anemia; 17% delas têm falta de vitamina A. Para prevenir a anemia e controlar carências de vitaminas, foi lançado nesta segunda-feira programa de suplementação nutricional nas creches públicas do País. O NutriSUS beneficiará 330 mil crianças, de 1.717 municípios. A anemia nos primeiros anos de vida pode causar danos ao desenvolvimento psicomotor das crianças, com repercussão no aprendizado e na capacidade produtiva. A falta de vitamina A pode provocar deficiência visual. A ausência dos nutrientes também favorece doenças infecciosas e respiratórias, além de levar à desnutrição e à morte.
O programa lançado pelos ministérios da Saúde, Desenvolvimento Social e Combate à Fome e da Educação prevê que cada criança consuma um sachê diário composto de ferro e outros 14 micronutrientes. O pó é adicionado à comida já servida na creche. Como não tem gosto, é facilmente aceito pelas crianças. As cuidadoras costumam misturar o produto na primeira colherada – se a criança deixar comida no prato, terá garantido a porção ideal de nutrientes.
O programa prevê o fornecimento de 60 sachês por criança, com intervalo de 4 meses, sucessivamente, até que o aluno complete 4 anos. Participam do programa 6,8 mil creches – dois terços delas na Região Nordeste. O governo federal prevê gastar R$ 12,5 milhões para a compra de 40 milhões de sachês em 2015. “Já nasceu a primeira geração de crianças livres da fome e que estão na escola. O Brasil saiu do mapa da fome, mas isso não é suficiente. Queremos nossas crianças sem anemia e crescendo”, afirmou a ministra de Desenvolvimento Social, Tereza Campello, depois de lançar o programa numa creche em Itaipu, em Niterói, cidade no Grande Rio.
O ministro da Saúde, Arthur Chioro, lembrou que ao receber a quantidade ideal de nutrientes previne-se a desnutrição, mas também a obesidade. Ele citou ainda pesquisa da Universidade de São Paulo, que avaliou o projeto piloto do NutriSUS – em oito meses, reduziu-se a anemia em 38% e a deficiência de vitamina A em 20%. “Aqui a gente sabe o que elas comem. Mas não podemos garantir que a comida de casa tenha qualidade. Criança com fome não aprende”, afirmou a professora Mariney da Silva, diretora da creche Creche Professora Odete Rosa da Mota, onde o programa foi lançado.