Um despacho, publicado nesta terça-feira, 15/3, no Diário Oficial da União, ordena que emissoras e serviços de streamings suspendam imediatamente a exibição do filme Como se Tornar o Pior Aluno da Escola, dirigido por Fabrício Bittar e escrito e protagonizado por Danilo Gentili, lançado em 2017.
O documento direcionado para Netflix Entretenimento Brasil Ltda, Globo Comunicação e Participações S/A. (Telecine e Globo Play), Google Brasil Internet Ltda. (Youtube), Apple Computer Brasil Ltda. e Amazon Serviços de Varejo do Brasil Ltda obriga as empresas a suspenderem a exibição sob pena de multa diária de R$ 50 mil.
Para o ato, o governo justifica que se faz “necessária proteção à criança e ao adolescente”. No filme, o personagem de Fábio Porchat é um pedófilo que tenta atrair um adolescente de 13 anos em uma das cenas.
Em nota, Porchat alega que a ficção não pode ser condicionada ao incentivo. “Vamos lá: como funciona um filme de ficção? Alguém escreve um roteiro e pessoas são contratadas para atuarem nesse filme. Geralmente o filme tem o mocinho e o vilão. O vilão é um personagem mau. Que faz coisas horríveis. O vilão pode ser um nazista, um racista, um pedófilo, um agressor, pode matar e torturar pessoas”, explicou, por meio de sua assessoria.
“O Marlon Brando interpretou o papel de um mafioso italiano que mandava assassinar pessoas. A Renata Sorah roubou uma criança da maternidade e empurrava pessoas da escada. A Regiane Alves maltratava idosos. Mas era tudo mentira, tá gente? Essas pessoas na vida real não são assim”, completou o humorista.
Na ocasião do lançamento, Danilo Gentili foi criticado por parte da mídia e incentivado, inclusive, por pessoas que hoje pedem a cassação do filme. “Comunico que apaguei o tuíte de 2017 onde elogiei o filme do Danilo Gentili. Confesso que não me recordo da cena que faz apologia à pedofilia, devo ter saído para atender telefone. Se tivesse visto faria o que sempre fiz com outros filmes, teria denunciado. Ainda dá tempo, tomando providências”, escreveu Marco Feliciano que, no lançamento, publicou uma foto ao lado do cartaz da produção parabenizando o comediante “Parabéns, Danilo Gentili. Nunca ri tanto”. A crítica bolsonarista apareceu quatro anos depois, através do secretário especial da Cultura, Mario Frias, disse que o longa faz apologia do abuso sexual infantil. O produto recebeu classificação indicativa de 14 anos, dentro das normas do governo Bolsonaro, embora lançado durante a gestão de Temer.
Danilo foi um dos apoiadores de Jair Bolsonaro na eleição de 2018 e, já no primeiro ano de mandato, rompeu e se opôs ao governo. “O maior orgulho que tenho na minha carreira é que consegui desagradar com a mesma intensidade tanto petista quanto bolsonarista. Os chiliques, o falso moralismo e o patrulhamento: veio forte contra mim dos dois lados”, comemorou Gentili em suas redes sociais. O filme está em 4º lugar na lista entre os mais assistidos da Netflix.