Diante do avanço da gripe e do espalhamento da variante Ômicron no Brasil, o governo da Bahia decidiu cancelar o carnaval de rua no Estado. Já em São Paulo, 28 desfiles de blocos de rua foram cancelados, entre eles cortejos populares, como os de Daniela Mercury, Tiago Abravanel e Kondzilla. Os riscos das doenças virais têm feito autoridades adiarem as definições sobre a folia. Alguns destinos tradicionais, como São Luís do Paraitinga (SP) e Ouro Preto (MG) já desistiram das festas de rua.
"Hoje temos 2,4 milhões de baianos com a vacina contra a covid em atraso. Além disso, estamos lidando com uma epidemia de gripe, que tem sobrecarregado o sistema de saúde", escreveu o governador baiano Rui Costa (PT) nas redes sociais ontem.
Especialistas fazem ressalvas sobre eventos com aglomerações, sem possibilidade de passaporte vacinal ou ampla testagem. Na Europa, a Ômicron tem feito governos ampliarem as restrições à população.
Antes mesmo do anúncio do governador da Bahia, artistas ligados a megablocos de Salvador já haviam desistido de desfilar, como os cantores Bell Marques, Léo Santana, Preta Gil e Daniela Mercury. A produtora Flora Gil também anunciou que não produzirá o camarote Expresso 2222, um dos principais da capital baiana, para o ano que vem.
"Realizar o carnaval no modelo tradicional, como uma festa em larga escala, se mostra inviável. Mais pra frente, avaliaremos o que pode ser feito e em que condições", acrescentou Costa. A realização de eventos fechados, com chance de controle de entrada, tem sido encarada por produtores como uma alternativa para a folia no ano que vem.
<b>Festa paulista</b>
As desistências dos blocos de São Paulo foram publicados no Diário Oficial da Cidade ontem. Apesar dos cancelamentos, a cidade está com 524 cortejos autorizados. A Prefeitura tem destacado que a decisão será da área da Saúde e há a expectativa de anúncio até o fim do mês.
Ao <b>Estadão</b>, Célio de Azevedo, um dos fundadores do bloco Vem Ku Nóis Ó, disse que o cancelamento foi motivado pela situação sanitária. "Estamos na fase de contenção ao vírus da covid-19 e outras variantes. Consciência, responsabilidade e respeito à saúde." Criada em 2015, a agremiação reuniu 15 mil pessoas na zona norte no último carnaval, diz ele. Argumento similar é o de Maite Cassandra, uma das fundadoras do Te Amo, Mas Só Como Amigo, que desfila desde 2017 no pós-carnaval de Pinheiros, zona oeste. "Entendemos a responsabilidade em realizar o desfile em um cenário difícil."
Já o Bloco Filhas da Lua, do Bixiga, comunicou a decisão em rede social. "As fundadoras do Bloco estão em diálogo para solucionar algumas questões. Por esse motivo, foi tomada a decisão conjunta de que não faremos desfile no Carnaval de Rua de 2022." A lista de suspensões não inclui grupos que já haviam anunciado a desistência em novembro, como a cantora Preta Gil.
Entre as novas confirmações, estão blocos novatos e tradicionais, como o Esfarrapado, e de artistas de popularidade nacional, como o Navio Pirata (do grupo BaianaSystem) e Good Crazy (do jogador de futebol Daniel Alves). A lista de desfiles autorizados tem ainda Acadêmicos do Baixo Augusta, Galo da Madrugada, Frevo Mulher (Elba Ramalho), Bicho Maluco Beleza (Alceu Valença), Monobloco e outros.
<b>Festa carioca</b>
O Rio não bateu o martelo sobre o carnaval de rua, mas nesta semana o comitê científico que assessora a Prefeitura disse não ver empecilhos para realizar a folia.
Sobre o réveillon, a gestão Eduardo Paes (PSD) decidiu fazer restrições, mas liberou a queima de fogos. Serão 16 minutos e 25 torres de som na orla de Copacabana, na zona sul. O prefeito suspendeu o estacionamento na orla e o transporte público – inclusive o Metrô, que fechará as estações no bairro às 20h no dia 31. A ideia é desestimular grandes aglomerações. Haverá outros nove pontos de foguetório oficial, além de Copacabana.
"Claro que teremos alguma aglomeração", admitiu Paes. "Mas temos tido aglomerações todos os dias, em praias, ensaios das escolas de samba, bares e restaurantes, inclusive em cidades que cancelaram o réveillon. Temos de seguir as determinações dos comitês científicos, mas também sermos coerentes. O réveillon não pode ser a grande festa da hipocrisia, o vírus não escolhe só a noite do ano-novo para aparecer", acrescentou o prefeito.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>