O governo vê com simpatia a agenda apresentada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para sair da crise. A equipe econômica estuda as sugestões apresentadas por Renan e acha que as medidas podem indicar um “novo caminho”. Uma das ideias que mais agradaram ao Palácio do Planalto foi a que propõe metas para a manutenção do emprego. Em conversas reservadas, auxiliares da presidente Dilma Rousseff dizem temer que o projeto feito para restringir as desonerações da folha de pagamento das empresas, última etapa do ajuste fiscal, aumente as demissões.
Até recentemente, o governo contava com a manutenção do emprego e da renda para enfrentar a crise, mas a percepção do Planalto é que, com um cenário político conturbado e com o agravamento da recessão, será difícil sair dessa “tempestade perfeita”.
Para o Planalto, a pauta de Renan é a chance que o governo tem para montar uma “agenda positiva” e tentar desviar o foco das ameaças de impeachment enfrentadas pela presidente. Além disso, o fato de a agenda ter sido sugerida por Renan dá protagonismo ao presidente do Senado num momento em que o governo precisa dele para rejeitar a chamada “pauta bomba” de votações, que aumenta os gastos, isolando o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Renan também é hoje considerado no Planalto como “fiel da balança” para segurar eventual processo de impeachment de Dilma no Senado.