A Granado, fabricante e varejista brasileira de cosméticos e perfumaria, fechou ontem a venda de uma fatia de 35% da companhia para a espanhola de moda e perfumes Puig, em um negócio avaliado em R$ 500 milhões. Com sede em Barcelona, o grupo espanhol, que faturou 1,65 bilhão de euros em 2015, controla marcas de luxo como Carolina Herrera e Jean Paul Gaultier.
As tratativas entre as duas companhias começaram em janeiro. Desde junho, a Puig tinha a exclusividade nas negociações. O controle da Granado continuará nas mãos de Christopher Freeman, empresário americano, ex-executivo do Citibank, que comprou a companhia em 1994, em estado quase falimentar. Dez anos depois, ele fez o mesmo com outra marca que andava esquecida, a Phebo. Hoje, o negócio como um todo fatura cerca de R$ 400 milhões ao ano.
Tanto Freeman, hoje presidente da empresa, quanto sua filha Sissi, diretora de marketing e vendas, continuarão nos cargos. A Puig, segundo fontes de mercado, terá presença apenas no conselho de administração. A Granado foi assessorada pelos bancos Itaú BBA e BTG Pactual e pelos escritórios de advocacia Stocche Forbes e Eskenazi Pernidji.
Nesta terça-feira, 27, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Sissi Freeman confirmou o negócio, sem detalhar valores, e afirmou que a Puig ganhou a vantagem nas negociações porque aceitou a ideia de entrar na Granado com uma fatia minoritária e sem a pressão de resultados de curto prazo. Cerca de 20 fundos de private equity (que compram participações em empresas) chegaram a olhar o ativo, conforme informações de mercado.
“Nós construímos a Granado por mais de 20 anos e meu pai tinha a intenção de que a empresa permanecesse na família”, explicou Sissi. “Nossa visão para este negócio continua a ser de longo prazo.”
Dívida
O dinheiro levantado pela aquisição será investido na própria companhia, segundo a executiva. Para construir sua nova fábrica, na cidade de Japeri (RJ), a Granado havia feito uma emissão de debêntures, que agora serão quitadas, reduzindo o gasto da companhia com juros.
Os recursos também deverão ajudar a expandir a rede da companhia, que hoje tem cerca de 50 pontos de venda próprios, além de distribuição em farmácias e em varejo especializado multimarcas.
Internacionalização
A Puig serve ainda a outro objetivo da Granado: a busca do mercado internacional. Depois de dar um “banho de loja” nas duas marcas, que antes eram conhecidas por produtos de baixo valor agregado, a companhia já deu os primeiros passos lá fora, com a venda de seus produtos na loja de departamentos parisiense Le Bon Marché. Agora, com a ajuda da nova sócia, o objetivo é abrir mais espaço na Europa e nos Estados Unidos.
A Granado, diz Sissi, tem percebido que o caráter de resgate da história do Brasil, presente tanto nas embalagens quanto na formulação dos produtos, é um fator de atração para o cliente estrangeiro. Pesa também a favor da empresa o desenvolvimento de itens com princípios ativos associados à brasilidade, como castanha e açaí. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.