Cerca de 100 mil pessoas da cidade e de municípios vizinhos festejaram o Arraial Guarulhos na última sexta-feira (8), sábado (9) e domingo (10) no Bosque Maia. Ao longo de todo o final de semana os visitantes tiveram a oportunidade de desfrutar de uma intensa programação artística, gastronomia tropeira e coreografias estonteantes com mais de 200 dançantes populares das quadrilhas juninas. De acordo com a Guarda Civil Municipal (GCM), que acompanhou o evento, não houve incidentes durante os três dias de festa.
O prefeito Guti e o vice-prefeito e secretário de Cultura, Professor Jesus, prestigiaram o evento de cultura popular, que na abertura contou com as participações dos grupos artísticos guarulhenses Duo Inhambu, da quadrilha Gru Patins e repertório festivo do Forró Saruê.
“É uma festa linda, um recorte grandioso da culinária de diferentes regiões do Estado, ranchos de diversas cidades do Vale do Paraíba e de Guarulhos que estão aqui para oferecer ao público muito mais que pratos deliciosos: uma experiência gastronômica inesquecível”, disse o prefeito.
Já Professor Jesus comemorou a participação de artistas da cidade no evento, que junto ao movimento quadrilheiro de São Paulo, São Vicente, Santos, São José dos Campos e Caçapava, somaram uma programação com mais de 15 atrações com violeiros, sanfoneiros, duplas de violas, trios de forró e grupos de teatro e circo. “Esta é, sem dúvida, uma grande festa para todas as famílias, que têm a oportunidade de conhecer nossos artistas e fazedores de cultura popular da cidade, além de aproveitar desse encanto colorido que o arraial trouxe ao Bosque Maia”, apontou.
O diretor de Eventos Culturais de Guarulhos, César Samsoniuk, falou sobre a satisfação com o resultado da festa realizada com a curadoria do folclorista guarulhense Diego Dionísio. “É necessário destacar o trabalho de toda a equipe da Secretaria de Cultura e das demais secretarias empenhadas em tornar o evento possível e acessível a todos. O trabalho de Dionísio no arraial trouxe para a cidade vivências das festas caipiras e proporcionou à população uma experiência multissensorial com cores, sabores e músicas que despertaram sensações marcantes em todos nós”.
Responsável pela curadoria artística do arraial, Dionísio trabalha com os temas da cultura popular há mais de 20 anos, sobretudo em eventos como o Revelando São Paulo, e projetos da Rede Globo, como o Arraial Arte na Rua.
“Organizar essa experiência caipira no Bosque Maia é motivo de grande alegria, e devo agradecer a meus pais e mestres por terem me ensinado a ter orgulho de ser caipira. Muito mais que valores e números tangíveis, eu me interesso muito pelos indicadores intangíveis: foram inúmeros sorrisos e abraços, pessoas de várias gerações dançando juntas, o encontro da cultura de paz e o reencontro de pessoas que não se viam há dois anos, crianças encantadas com o brilho das quadrilhas e com as canções dos grupos de viola. Esperamos promover esse encontro cultural mais vezes, em um mundo ainda melhor, com mais abraços, danças e comida compartilhada”.
Alegria estampada em cada olhar
Em meio à apresentação musical do poeta cordelista Bosco Maciel e da atriz Jennifer Canela, da Cia. Chegança, e das intervenções burlescas dos atores da Cia. Los Xerebas, foi possível notar a intensa atuação dos fotógrafos participantes do Arraial Fotográfico, dedicados a registrar com suas lentes a beleza da festa.
Aspirante a fotógrafa e vinda de família de retratistas experientes, Mislaine Ricci, de 38 anos, conta que esse sempre foi seu hobby. “Além da oportunidade de aperfeiçoamento profissional para fotógrafos experientes, o resultado desse registro que estamos fazendo vai revelar diferentes perspectivas sobre o mesmo objeto e a diversidade de olhares para essas formas tão coloridas”.
O vestido caipira de Mariani da Silva, 12, já estava pronto desde a noite anterior. Ela acordou bem cedinho e saiu de Itaquaquecetuba com a família para visitar a avó, Telma Maria, em Guarulhos, como faz todo final de semana. “Todo sábado visitamos o Bosque Maia, mas hoje ele está diferente, muito mais bonito e colorido. É muito bom participar desta festa”, disse a menina.
Mãe e filha, a atendente de call center Valéria Rodrigues, 55, e a gestora de marketing Natalia Rodrigues Leal, 30, combinavam a mesma cor de camisa e, muito mais pelo sorriso de ambas do que pelo figurino, esbanjavam alto astral e graciosa energia. “Nossas camisas em formato xadrez nos colocam em clima de festa. Viemos juntas para aproveitar esse momento agradável em família, nos divertir e aproveitar os pratos típicos”, contou Natalia, que ficou sabendo da festa pelo Instagram da Prefeitura de Guarulhos.
Comida feita com amor
Presença esperada no Arraial Guarulhos, Maria Lúcia Batista Pinto, a Dona Lúcia, 68, trouxe de Cruzeiro alguns dos quitutes mais saborosos da festa, como bolinhos de milho, queijo, bolos e saboroso café. “É uma grande alegria estar de volta. A pandemia nos deixou muito assustados, mas estamos aqui, fortes, seguros e vacinados. Somos sobreviventes”.
Outro rancho famoso que voltou à cidade foi o Vaca Atolada e sua culinária caipira diferenciada com arroz carreteiro, feijão tropeiro, polenta, torresmo, linguiça artesanal, quibebe, couve e farofa. “A experiência de estar no Arraial Guarulhos é muito boa, as pessoas nos acolheram, querem saber a história da nossa família e o modo como preparamos a comida, se encantam com o sabor que o fogão a lenha dá à comida, em saber que a mandioca é plantada pelo meu pai e como é feita a linguiça caseira de porco”, contou emocionada a empreendedora Sheila Freitas, 29.
De todas as histórias, também chamou a atenção aquela que a família de Redenção da Serra contou no rancho Batista sobre a fabricação de queijos e rapaduras artesanais. Silvano Batista, 45, é esposo de Fernanda Lucena Batista, 35, pai de Gabriel, 19, e filho de João Batista, 81.
“Tudo começou em 1914 com meu avô, José Maria de Freitas Batista, que acordava cedo e levava o que produzia de Redenção a Taubaté no lombo de um cavalo. Fui criado debaixo da banca e hoje perpetuamos a tradição de fazer rapaduras há quatro gerações, plantamos a cana, fazemos a colheita e a moenda para, em seguida, preparar o melado que vai virar a rapadura”, contou Silvano.
Paulistana, Fernanda conta que a mudança de vida da cidade grande para o interior paulista deu a ela muito mais que qualidade de vida. “A mudança para o interior foi um marco em minha vida. Esse encontro com a vida simples, com a rotina do trabalho da fazenda e da venda do que produzimos, o cuidado com os bichos e todos os encantos da roça me fizeram muito bem, hoje eu sou uma pessoa diferente, mais feliz”.
As fotos captadas durante e o Arraial Fotográfico ficarão disponíveis nos próximos dias no perfil do Arraial Guarulhos no Instagram (@arraialguarulhos).