Estadão

Grandes bancos dos EUA veem lucro encolher com aumento de provisões

A esperada onda de demissões em Wall Street depois de um ano volátil e fraco para os mercados de capitais globais dominou a temporada de resultados dos bancos nos Estados Unidos – e continuam nos holofotes. Os cortes ocorrem após nova queda nos lucros do segmento, que além de ter sido impactado por menores receitas precisou reforçar o seu colchão para perdas em meio ao aumento da inadimplência em um cenário de juros elevados no país.

Dentre os movimentos mais recentes, o Citigroup iniciou na semana passada um corte que pode atingir centenas de cargos, sendo a divisão de banco de investimentos uma das afetadas, conforme a imprensa local. Antes, o rival JPMorgan Chase cortou vagas no segmento de hipotecas e o Morgan Stanley já havia começado a fazer demissões ainda no ano passado.

O Goldman Sachs esperou janeiro para eliminar 3,2 mil empregos ou 6,5% da sua força de trabalho. O CEO do banco, David Solomon, porém, fez uma espécie de confissão semanas atrás, admitindo que deveria ter começado a agir antes. Além disso, o Goldman Sachs está reavaliando o seu negócio de consumo. "Houve alguns sucessos claros, mas também houve alguns tropeços claros", disse Solomon a investidores recentemente.

<b>Frustração</b>

As mudanças vêm após o banco reportar um dos resultados mais frustrantes de Wall Street no quarto trimestre. Seu lucro líquido por ação (EPS, na sigla em inglês) foi de US$ 3,32, 69% abaixo das projeções da FactSet, de US$ 5,56.

Além dele, nomes como US Bancorp, Wells Fargo e Allstate contribuíram para amargar os resultados do setor financeiro nos Estados Unidos.

Em 2022, os bancos americanos reportaram lucro líquido 5,8% menor ante 2021, para US$ 263,0 bilhões, segundo a Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC), que se assemelha ao Fundo Garantidor de Créditos (FGC) no Brasil. Os ganhos foram impactados pela piora da inadimplência que exigiu das instituições um reforço nas provisões para fazer frente a um cenário macroeconômico mais desafiador, conforme a entidade.

"As principais métricas do setor bancário permanecem favoráveis neste momento. No entanto, o setor bancário continua a enfrentar riscos significativos de queda da inflação, aumento das taxas de juros do mercado e incerteza geopolítica", disse o presidente da FDIC, Martin J. Gruenberg, na semana passada, ponderando que o segmento continua "bem capitalizado" e "altamente líquido".

A Moody s espera contínua deterioração na qualidade dos ativos dos bancos americanos em meio à expectativa de uma recessão leve nos EUA. "Supondo que o desemprego atinja picos de cerca de 5%, projetamos que a inadimplência de cartões e automóveis provavelmente atingirá o pico em 2024", diz a classificadora.

O mesmo cenário, ou seja, de aumento de calotes, é esperado também para o setor de hipotecas, que vem sendo abatido pela subida de juros nos EUA.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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