Negociações para assegurar um terceiro pacote de ajuda em tempo de evitar que a Grécia dê o calote este mês em títulos da dívida detidos pelo Banco Central Europeu parecem ter avançado depois de reuniões, que se alongaram durante toda a semana, entre autoridades de Atenas e os credores do país.
O ministro das Finanças grego Euclid Tsakalotos e o ministro da Economia Giorgos Stathakis se encontraram no domingo durante várias horas com representantes de quatro instituições que supervisionam o programa de resgate: A Comissão Europeia, o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Central Europeu (ECB) e o fundo de resgate da Zona do Euro. As discussões deram continuidade a mais de seis horas de conversas no sábado.
Autoridades gregas afirmaram que a discussão girou em torno das reformas econômicas e cortes de custos necessários para fechar o acordo de um terceiro pacote de até € 86 bilhões e assegurar a primeira fatia da ajuda.
Gregos e autoridades de outros países europeus disseram que estavam discutindo um rascunho de memorando. Não ficou claro imediatamente o conteúdo do documento ou qual o seu status. Segundo uma fonte no grupo dos credores, “grande progresso foi feito”, mas ela não informou em que áreas. Uma porta-voz do FMI não quis comentar.
Todas as partes estão sob pressão para assegurar um acordo antes do dia 20 de agosto, quando vencem € 3,2 bilhões em títulos do governo grego detidos pelo ECB. Um calote complicaria severamente as chances de a Grécia não afundar, dado que levaria o ECB a retirar o extenso apoio que vem dando aos bancos gregos.
O grande problema está nas demandas que os credores vão fazer sobre o orçamento grego e sobre como o governo vai gerir a venda de até € 50 bilhões em ativos estatais.
As negociações também se concentram em como restaurar a saúde do sistema financeiro da Grécia depois que os bancos fecharam as portas por um mês para conter a retirada de depósitos. Estima-se que recuperar o capital dos bancos custaria até € 25 bilhões porque a deterioração da economia tornou os tomadores de empréstimos incapazes de honrarem suas dívidas.
Para alcançar o prazo, o primeiro-ministro grego Alexis Tsipras deve ordenar essa semana a abertura do Parlamento, que está fechado no recesso de verão, para acelerar o passo das reformas. Um participante das negociações afirmou que a aparente disposição de Tsipras foi recebida positivamente numa conversa por telefone com autoridades de finanças da União Europeia na noite de sexta-feira.
Apesar disso, fontes afirmam que a conclusão de um acordo até dia 20 de agosto ainda é algo ambicioso. Qualquer acordo entre a Grécia e as instituições que supervisionam o pacote de ajuda precisaria de apoio de governos da Zona do Euro – provavelmente durante um encontro de ministros das Finanças que deve ocorrer esta semana. Diversas autoridades europeias disseram que não estavam seguras sobre o quão comprometido com um acordo está o ministro das finanças da Alemanha.
Um porta-voz alemão afirmou que, como condição para a ajuda, a Grécia precisa modernizar todas a sua administração. Ele não comentou sobre o andamento das conversas.
Um acordo envolvendo o FMI também precisaria endereçar o espinhoso tema do endividamento grego. Para que o FMI participe de qualquer acordo, seria necessário assegurar que a Grécia pode lidar com o peso de sua dívida, mas países como a Alemanha tem resistido em aceitar uma reestruturação da dívida grega. Fonte: Dow Jones Newswires.