Em assembleia realizada em frente ao Paço Municipal, os agentes de trânsito decidiram paralisar, por 48 horas, a greve deflagrada nesta terça-feira. Em contrapartida, aguardam uma proposta concreta da Administração para quinta-feira. Os trabalhadores da Secretaria de Transportes e Trânsito (STT) reivindicam 30% (R$ 490,50) do valor do salário de agente, fixado em cerca de R$ 1.635, como risco-atividade, aprovação do Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) e melhoria das condições de trabalho.
O movimento começou no início da manhã em frente à sede da secretaria, no Parque Cecap e dirigiu-se para o Paço Municipal, munidos de cobertura para proteger das chuvas e um carro de som, enquanto representantes do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública (STAP) e também alguns agentes foram recebidos pelo secretário de Administração e Modernização, Marco Arroyo, o secretário de Governo, João Roberto Rocha, e o chefe de gabinete, Rafael Paredes, receberam a comissão.
Dos cerca de 100 agentes de trânsito atuantes na cidade, aproximadamente 40 estiveram presentes no Paço e aprovaram o pedido da municipalidade de suspender a paralisação por 48 horas para que formalizassem a contra-proposta relativa ao pedido de risco-atividade, de maneira parcelada assim como aconteceu com os Guardas Civis Municipais (GCMs), marcada para quinta-feira, às 16h.
De acordo com o presidente do Stap, Jair Lima, o governo vem postergando as negociações com os funcionários públicos há tempos. "Faz dois anos e seis meses que o governo não fala nada concreto como o que foi apresentado na reunião", explica.
Riscos – A principal bandeira da manifestação dos agentes de trânsito é referente ao risco-atividade. Segundo diversos profissionais presentes, a categoria hoje sofre com ameaças sofridas desde a aplicação de multas até a fiscalização dos perueiros que atuam na cidade.
Com o novo sistema de transportes, os agentes alegam ser o alvo da população quando acontecem os problemas. E denunciam a falta ou condição precária de equipamentos de proteção individual (EPI) para o uso diário. "Eu atuo com meu capacete próprio há tempos", afirma o agente Aleksandro Carvalho, 30.
Segundo Carvalho, a população já tem uma rejeição natural pelos agentes por atuar na aplicação de multas. E cita um episódio no Terminal São João para exemplificar a falta de apoio. "Formavam filas de quase 200 passageiros na linha 434. Decidimos por parar outro ônibus ao lado para embarcarem em dois veículos, mais rápido, pensando no passageiro, e ainda fui repreendido", conta. "Nós estamos na ponta do problema", completa.
O agente Ulisses Kise, 35, cita as ameaças sofridas pelos agentes desde que a STT intensificou a fiscalização nas vans que circulam na cidade. "Nós ouvimos que estamos seguros na hora pelo apoio da GCM e Polícia Militar. Mas que não dormimos com policiais dando cobertura", exemplifica, citando que, após o expediente, muitos agentes voltam aos pontos de ônibus para retornarem para suas casas.
A STT informou que ontem, em reunião extraordinária da CPN, foi assinado acordo para suspensão imediata da greve e a retomada da negociação, ficando agendada para o dia 17 de fevereiro a apresentação da contraproposta da Prefeitura para pagamento do risco atividade nos moldes da negociação feita com a GCM, ou seja, por meio de pagamento parcelado.
Segundo a pasta a elaboração do Plano de Carreira foi a atividade que mais ocupou a pauta da CPN em relação à categoria. As tratativas da gratificação por risco atividade já estava previamente agendada para o dia 18 de fevereiro. A greve, foi uma estratégia da categoria com apoio do Stap para pressionar a antecipação da negociação.